Por Aftab Ahmed e Zeba Siddiqui
NOVA DÉLHI (Reuters) - Autoridades interromperam a conexão da internet em partes do norte da Índia nesta sexta-feira e impuseram um toque de recolher em uma cidade ao sul após duas pessoas morrerem em confrontos entre a polícia e manifestantes indignados com uma lei de cidadania que discrimina muçulmanos.
Protestos tomaram as ruas da Índia desde que o governo nacionalista hindu aprovou a lei no Parlamento na semana passada, na maior demonstração de dissidência desde que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegou ao poder em 2014.
As recentes mortes na cidade litorânea Mangaluru elevaram a 7 o total de vítimas relacionadas à violência nos protestos.
Um porta-voz da polícia disse que 20 agentes ficaram feridos nos confrontos em Mangaluru e um toque de recolher foi imposto até meia-noite de 22 de dezembro.
"Forças policiais estão pela cidade, e a situação da lei e da ordem no momento é bastante pacífica, e tudo está sob controle", disse o porta-voz da polícia, Guru Kamat.
Em Uttar Pradesh, Estado mais populoso da Índia que tem sido palco de tensões comunitárias entre hindus e muçulmanos, as autoridades ordenaram que a internet móvel e os serviços de mensagens de texto em sete distritos fossem suspensos até sábado.
Awanish Kumar Awasthi, a autoridade estadual que emitiu a ordem, disse que a medida visa impedir a disseminação de material inflamatório que possa piorar a situação da lei e da ordem. A polícia de Uttar Pradesh também deteve cerca de 100 suspeitos.
Em Nova Délhi, capital do país, a polícia reforçou a segurança ao redor da Jama Masjid, uma das maiores mesquitas indianas.
A nova lei facilita a obtenção de cidadania indiana para pessoas de minorias não-muçulmanas no Afeganistão, em Bangladesh e no Paquistão que se estabeleceram na Índia antes de 2015.
Os críticos dizem que a exclusão dos muçulmanos é discriminatória, e a concessão da cidadania baseada em religião contradiz a Constituição secular da Índia.
Os opositores veem a lei como o último passo do governo de Modi para marginalizar os muçulmanos, que compõem 14% da população da Índia.
A administração de Modi, no entanto, alega que a lei visa ajudar minorias religiosas que enfrentam perseguição nos países vizinhos de maioria muçulmana.