VARSÓVIA (Reuters) - A Polônia corre o risco de perder o acesso aos fundos congelados da União Europeia se arrastar o processo de formação de um novo governo, disse o líder da oposição, Donald Tusk, depois que o presidente do país optou, nesta quinta-feira, por não nomear um novo primeiro-ministro.
O partido governista Lei e Justiça (PiS) ficou em primeiro lugar na eleição de 15 de outubro, mas perdeu sua maioria parlamentar e é improvável que encontre um parceiro de coalizão.
Três partidos pró-UE dizem que estão prontos para formar um gabinete liderado por Tusk e pediram ao presidente Andrzej Duda que não adie sua nomeação.
Duda disse que convocará a primeira sessão do Parlamento recém-eleito em 13 de novembro, mas não anunciou a quem pedirá para formar um novo governo.
"Se o presidente reconhecer rapidamente a realidade de que há uma maioria no Parlamento e permitir que ela crie um governo, garanto que isso significará um rápido pagamento de recursos para a Polônia", disse Tusk a repórteres em Bruxelas, onde tem se reunido com líderes da UE em uma tentativa de desbloquear o financiamento.
Entretanto, falando antes de uma cúpula da UE em Bruxelas, o atual primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse que o PiS "tem o maior número de parlamentares... somos um partido que venceu as eleições pela terceira vez".
O que está em jogo é o acesso da Polônia a 35,4 bilhões de euros em subsídios e empréstimos do fundo de recuperação da UE, que o bloco suspendeu até que Varsóvia reverta as reformas que, segundo os críticos, prejudicam a independência de seu sistema judiciário.
As mesmas preocupações estão bloqueando o acesso da Polônia a 76,5 bilhões de euros de recursos de coesão da UE, destinados a elevar o padrão de vida nas regiões mais pobres.
Duda, um aliado do PiS, disse que a data preliminar para a sessão da câmara baixa é a mais breve possível. Ele não disse quem nomeará como primeiro-ministro, enquanto Tusk e Morawiecki reivindicam o cargo.
Duda tem 30 dias a partir do dia da eleição para chamar a primeira sessão do novo Parlamento e, em seguida, 14 dias para indicar um candidato a primeiro-ministro.
(Por Anna Wlodarczak-Semczuk, Alan Charlish, Pawel Florkiewicz)