Por Jan Strupczewski e Benoit Van Overstraeten
BRUXELAS (Reuters) - A Polônia não se curvará à "chantagem" da União Europeia, mas buscará resolver as disputas em curso, disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, nesta quinta-feira ao chegar para defender seu país antes de uma reunião de outros líderes em meio a uma escalada acentuada de batalhas ideológicas.
As tensões de longa data entre os nacionalistas governantes da Polônia e a maioria liberal do bloco aumentaram drasticamente desde que o Tribunal Constitucional da Polônia decidiu, em 7 de outubro, que elementos legais da União Europeia (UE) eram incompatíveis com o estatuto do país.
Ao desafiar um princípio central de integração da UE, o caso cria o risco de desencadear uma nova crise no bloco --que ainda luta com as sequelas do Brexit-- bem como de a Polônia perder generosas doações da Europa.
"Algumas instituições europeias assumem o direito de decidir sobre assuntos que não foram atribuídos a elas", disse Morawiecki antes dos líderes nacionais dos 27 países-membros do bloco se reunirem em Bruxelas para uma reunião de dois dias.
"Não vamos agir sob a pressão da chantagem, estamos prontos para o diálogo, não concordamos com as competências cada vez maiores (das instituições da UE), mas é claro que vamos negociar como resolver as disputas atuais no diálogo."
O ministro das Relações Exteriores da França, Clement Baune, disse que "o projeto europeu não existe mais" se as regras comuns deixarem de vigorar.
"Se o diálogo não funcionar, podemos recorrer a vários tipos de sanções", afirmou ele antes da cúpula, quando o presidente da França, Emmanuel Macron, disse a Morawiecki para trabalhar com a Comissão Executiva para encontrar uma solução compatível com os princípios europeus.
(Reportagem adicional de John Chalmers, Gabriela Baczynska, Philip Blenkinsop, Michel Rose, Andreas Rinke, Sabine Siebold)