Por Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) - A polícia da Alemanha está procurando um tunisiano depois de encontrar um documento de identidade debaixo do assento do motorista do caminhão que atropelou um multidão em um mercado natalino de Berlim na noite de segunda-feira, matando 12 pessoas, disseram nesta quarta-feira fontes de segurança.
O documento estava em nome de Anis A., nascido em Tataouine, cidade do sul da Tunísia, em 1992, disseram as fontes, usando a convenção de identificar suspeitos pelo primeiro nome e uma inicial. Também se acredita que ele usa nomes falsos.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores tunisiano disse que a Tunísia está tentando verificar a informação. O jornal Bild noticiou que a polícia o via como um indivíduo possivelmente perigoso e participante de uma grande rede islâmica.
O massacre pré-natalino em um local simbólico de Berlim --nos pés de uma igreja bombardeada na Segunda Guerra Mundial--chocou os alemães e desencadeou medidas de segurança em toda a Europa, já em estado de alerta depois dos ataques ocorridos neste ano na França e na Bélgica.
O possível, embora ainda não provado, envolvimento de um imigrante ou refugiado também ressuscitou um debate acalorado sobre segurança e imigração, e a chanceler alemã, Angela Merkel, está sendo pressionada a frear novas entradas depois de permitir que mais de um milhão de pessoas se instalassem no país nos últimos dois anos.
Merkel, que irá concorrer a um quarto mandato no ano que vem, disse que seria particularmente repulsivo se um refugiado procurando proteção na Alemanha fosse o autor do ataque.
Inicialmente a polícia prendeu um paquistanês postulante a asilo próximo do local do ataque, mas o liberou sem acusações na terça-feira. As autoridades alertaram que o agressor ainda está foragido e pode estar armado. Não está claro se o perpetrador está agindo sozinho ou acompanhado.
O caminhão de 25 toneladas, que pertence a uma transportadora polonesa, atingiu barracas de madeira que serviam comidas e bebidas típicas da Alemanha, ferindo cerca de 45 pessoas, além dos 12 mortos.
O motorista polonês do veículo foi encontrado morto a tiros na cabine. O jornal Bild relatou que ele estava vivo até o ataque ocorrer.
O jornal citou um investigador que disse que deve ter havido uma luta com o agressor, que pode ter sido ferido.
O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade da ação, como fez com um ataque semelhante realizado em julho na França, quando um tunisiano lançou um caminhão contra uma multidão que comemorava o Dia da Bastilha na cidade de Nice, matando 86 pessoas antes de ser morto a tiros pela polícia.
O diretor da Associação de Detetives Criminais da Alemanha, Andre Schulz, disse à televisão do país na noite de terça-feira que a polícia espera fazer outra prisão em breve.
"Estou relativamente confiante de que talvez amanhã, ou no futuro próximo, poderemos apresentar um novo suspeito", afirmou.
A polícia prendeu outro suspeito nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, mas o soltou pouco mais tarde, de acordo com a emissora RBB.
O chefe do grupo de ministros do Interior dos 16 Estados federais alemães, Klaus Bouillon, disse que é necessário adotar medidas de segurança mais rígidas.
"Queremos aumentar a presença policial e fortalecer a proteção dos mercados natalinos. Teremos mais patrulhas. Os agentes terão metralhadoras. Queremos tornar o acesso aos mercados mais difícil, com veículos estacionados através deles", disse Bouillon ao jornal Passauer Neue Presse desta quarta-feira.
Alguns políticos culparam a política imigratória de portas abertas de Merkel por tornar tais atentados mais prováveis. O partido anti-imigrante Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), que ganhou apoio nos dois últimos anos simultaneamente à queda de popularidade da chanceler, disse na terça-feira que seu país não é mais seguro.