Por Carey Gillam
(Reuters) - Um grupo de pessoas envolvidas nos tumultos em Ferguson, no Missouri, depois que um policial branco matou um adolescente negro, processou as autoridades locais nesta quinta-feira, alegando violações de direitos civis através de prisões e agressões de policiais com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
No processo, aberto na Corte Distrital dos Estados Unidos para o distrito do leste do Missouri, consta que as forças policiais enfrentaram o protesto popular que começou com a morte do adolescente Michael Brown, de 18 anos, com "demonstrações militares de força" enfrentando cidadãos norte-americanos "como se eles fossem combatentes em uma guerra".
O processo busca um total de 40 milhões de dólares para seis demandantes, incluindo um garoto de 17 anos que estava com a mãe em um restaurante fast-food quando os dois foram presos. Cada um dos demandantes foi envolvido nas interações com a polícia no período entre 11 e 13 de agosto, diz o processo.
Os réus no processo são a cidade de Ferguson, o condado de St. Louis, o chefe de polícia de Ferguson Tom Jackson, o chefe da polícia do condado de St. Louis Jon Delmar, o policial de Ferguson Justin Cosmo, e outros policiais não identificados de Ferguson e do condado de St. Louis.
Nenhum dos departamentos de polícia ou governos municipais comentou o processo.
O processo aparece após duas semanas de tensão racial no subúrbio de Ferguson, onde o assassinato de Brown levou os manifestantes para as ruas. Algumas lojas foram saqueadas em manifestações noturnas, e a polícia respondeu com munições não letais e equipamentos militares para acabar com os tumultos.
Uma das demandantes no processo alega que ela e seu filho estavam em um restaurante McDonald's quando vários oficiais de polícia armados com rifles ordenaram que eles saíssem. De acordo com o processo, um policial a jogou no chão e a algemou. Ela e seu filho foram presos.
Outro envolvido alega que estava indo visitar sua mãe em Ferguson quando vários policiais em uniformes militares atiraram em sua direção com balas de borracha. Quando atingido, ele caiu no chão e foi agredido com golpes e spray de pimenta, diz o processo.
Dois outros acusados disseram estar protestando pacificamente quando policiais da tropa de choque atiraram com gás lacrimogêneo, balas de borracha, e bombas de efeito moral. Um outro demandante afirma que estava tentando filmar o protesto quando a polícia tomou sua câmera e o prendeu.
"Esse é um exemplo escandaloso de como a polícia lida com os afro-americanos (...) como isso pode dar terrivelmente errado. Você tem o direito de se manifestar pacificamente", disse o advogado Reginald Greene, que deu entrada no processo.
A polícia afirmou que o policial Darren Wilson atirou em Brown após uma discussão em uma rua residencial, quando o policial teria pedido que ele se retirasse do meio da rua. Algumas testemunhas disseram que Brown estava com as mãos para cima, se rendendo, quando foi alvejado várias vezes, incluindo duas na cabeça.
Um júri de St. Louis começou a examinar as provas do caso. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu sua própria investigação.