Por falta de antirretrovirais, portadores de HIV da Venezuela recorrem a folhas de árvore

Publicado 13.12.2018, 12:56
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Por Liamar Ramos e Vivian Sequera

CARACAS (Reuters) - A hiperinflação e a falta crônica de remédios da Venezuela têm dado aos portadores de HIV pouca esperança de obterem antirretrovirais, e muitos estão recorrendo às folhas de uma árvore tropical conhecida como guasimo.

Para cada dose os pacientes usam cerca de 50 folhas da árvore, que é muito procurada por sua madeira, e batem com água no liquidificador. Depois eles coam e bebem o líquido verde.

Médicos e pacientes questionam a eficiência da substância, que vem sendo usada há anos na Venezuela e no Brasil como um complemento ao tratamento farmacêutico.

Mas os portadores de HIV preocupados em evitar a Aids o veem cada vez mais como melhor do que nada.

"Não tenho nada a perder", disse um homem soropositivo enquanto preparava e bebia a poção, pedindo para não ser identificado porque seus colegas de trabalho não estão cientes de seu diagnóstico.

Ele recebeu antirretrovirais de graça do Estado durante anos, mas o fornecimento foi minguando à medida que o sistema de economia socialista do país desmoronava. Depois de cinco meses sem remédios seu médico recomendou a mistura de folhas.

"Minha mente fica me dizendo 'vou morrer, estou nesta situação porque o governo não fornece medicação'", disse.

O doutor Carlos Pérez começou a recomendar o tratamento no início de 2018, quando a escassez de antirretrovirais se tornou crítica. Ele orienta os pacientes a beberem o preparado de guasimo duas vezes por dia durante um mês.

"É um tratamento complementar", disse Pérez, integrante de uma organização chamada Ação Solidária, que ajuda a proporcionar cuidados a portadores de HIV.

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"(Um) componente destas folhas é o tanino, um componente bioquímico que aparentemente tem propriedades antivirais."

O Ministério da Informação não respondeu a um pedido de comentário sobre a escassez de medicamentos.

Normalmente, os antirretrovirais só podem ser comprados no exterior, e um mês de tratamento custa ao menos 85 dólares, o equivalente a quase um ano de salário mínimo. A inflação anual chegou a 1,3 milhão por cento em novembro.

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