Por Luc Cohen
NOVA YORK (Reuters) - O prefeito de Nova York, Eric Adams, declarou-se inocente da acusação de ter recebido propina e doações ilegais de campanha feitas por pessoas com nacionalidade turca, conforme o democrata tenta resistir a crescentes pedidos dentro de seu próprio partido para que renuncie ao cargo.
Adams, que tem 64 anos, declarou-se inocente diante da juíza Katharine Parker na sua primeira ida ao tribunal, no caso que está sendo julgado em uma corte federal de Manhattan. Ele vestia um terno azul escuro com uma gravata com pontinhos roxos, e olhou diretamente para a magistrada quando ela leu os cinco crimes pelos quais ele é acusado, incluindo suborno e fraude eletrônica.
“Eu sou inocente, excelência”, afirmou Adams quando a juíza perguntou a ele sua declaração.
Seu advogado, Alex Spiro, afirmou que protocolará na próxima semana uma moção para que as acusações sejam rejeitadas. Adams deve ir ao tribunal novamente no dia 2 de outubro.
O prefeito foi liberado sem pagar fiança, na condição de que não tenha contato com testemunhas ou pessoas citadas no indiciamento. Parker afirmou que haveria exceções, em sua equipe e família, desde que o prefeito não conversasse com eles sobre detalhes do indiciamento.
No indiciamento, revelado na quinta-feira, promotores federais disseram que diplomatas e empresários turcos canalizaram dinheiro ilegalmente para a campanha de Adams, oferecendo também vantagens como viagens de luxo, incluindo passagens aéreas de classe executiva, estadias em hotéis opulentos e refeições em restaurantes sofisticados.
Em troca, Adams pressionou autoridades municipais em 2021 para que permitissem que o novo consulado da Turquia, de 36 andares, fosse inaugurado, apesar das preocupações com a segurança, de acordo com promotores.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse na sexta-feira que Ancara estava acompanhando de perto o processo, e que seus diplomatas aderiram ao protocolo estabelecido.
"Nossas missões diplomáticas desempenham suas funções em conformidade com as Convenções de Viena e as tradições diplomáticas", disse o porta-voz. "Está fora de cogitação interferirmos nos assuntos internos de qualquer país."
(Reportagem de Luc Cohen em Nova York; reportagem adicional de Aleksandra Michalska)
((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC