PRISTINA (Reuters) - O primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, acusou o mediador da União Europeia nesta segunda-feira de apoiar a Sérvia, dias após o fracasso das discussões em Bruxelas, com a UE culpando o que chamou de falta de vontade de Kosovo em honrar seu compromisso com um acordo.
Kurti disse que o enviado da UE, Miroslav Lajcak, estava coordenando com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, para pressioná-lo a implementar apenas uma parte de um acordo assinado neste ano, que poderia abrir caminho para a normalização entre os dois inimigos tradicionais.
"No dia 14 de setembro, houve um claro posicionamento do mediador contra o Kosovo... Eles percorreram um longo caminho para atacar o futuro de Kosovo", disse Kurti em uma coletiva de imprensa em Pristina, capital do país.
Kurti e Vucic se reuniram na última quinta-feira para mais conversas em Bruxelas, mas não chegaram a lugar algum, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell.
Ele afirmou que Kurti "não estava pronto para avançar" com a criação de uma associação de municípios de maioria sérvia, dando aos sérvios mais autonomia no norte de Kosovo, uma meta aprovada por Pristina há uma década em um diálogo patrocinado pela UE com Belgrado.
O objetivo era resolver um conflito que remonta à revolta de 1998-99 da maioria étnica albanesa de Kosovo contra o domínio sérvio repressivo e levar à normalização das relações entre Belgrado e sua antiga província, que declarou independência em 2008.
"Ou implementaremos o acordo inteiro ou não implementaremos apenas o que a Sérvia quer. Essa lógica está morta", disse Kurti. Não houve reação imediata de Lajcak ou da UE.
Os albaneses étnicos formam mais de 90% da população de Kosovo, sendo que os sérvios são a maioria apenas na região norte, onde está previsto o grupo de municípios autônomos.
Kurti disse que essa associação, aprovada por governos anteriores, dividiria Kosovo em linhas étnicas. Em vez disso, ele concordou apenas com uma associação com poderes limitados, cujas decisões poderiam ser anuladas pelo governo central de Pristina.
Os sérvios do norte entraram em conflito com as forças de paz da Otan em maio, em protesto contra a imposição de vários prefeitos de etnia albanesa após um boicote sérvio às eleições locais organizadas por Pristina.
(Por Fatos Bytyci)