Por John Davison
BAGDÁ (Reuters) - O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, anunciou sua renúncia nesta sexta-feira depois que o mais importante clérigo xiita muçulmano do país pediu aos parlamentares que reconsiderassem seu apoio a um governo abalado por semanas de protestos mortais.
Mas a violência continuou no sul do Iraque, matando pelo menos 21 pessoas. Em Bagdá, um manifestante foi morto enquanto protestos continuavam, incluindo um com milhares de pessoas na Praça Tahrir, na capital do Iraque.
Manifestantes jovens, desempregados e desarmados lideram pedidos de revisão de um sistema político que, segundo eles, é endemicamente corrupto e serve a potências estrangeiras, especialmente Teerã, aliada de Bagdá.
A saída de Abdul Mahdi pode ser um golpe para a influência iraniana, depois que milícias aliadas do Irã e seus próprios comandantes intervieram no mês passado para manter o primeiro-ministro, apesar dos protestos em massa contra o governo.
O grande aiatolá Ali al-Sistani fez seus comentários após o dia mais sangrento em meses de tumultos antigoverno, durante os quais as forças de segurança mataram a tiros centenas de manifestantes e confrontos começaram a aumentar em províncias do sul.
A atual classe política do Iraque é formada principalmente por poderosos políticos xiitas, clérigos e líderes paramilitares, incluindo muitos que viveram no exílio antes de uma invasão liderada pelos Estados Unidos para derrubar o ditador sunita Saddam Hussein em 2003 --incluindo Abdul Mahdi.
"Em resposta a esse apelo (do clérigo), e para facilitar isso o mais rápido possível, apresentarei ao Parlamento minha renúncia da liderança do atual governo", informou um comunicado assinado por Abdul Mahdi.
A nota não dizia quando ele renunciaria. O Parlamento deve ter uma sessão de emergência no domingo para discutir a crise.