PRAGA (Reuters) - O primeiro-ministro da República Tcheca, Bohuslav Sobotka, disse nesta terça-feira que irá renunciar nesta semana, juntamente com todo o gabinete, em reação a uma desavença com o ministro das Finanças, Andrej Babis, relativa às suas atividades empresariais anteriores.
Sobotka disse que a renúncia poderia permitir que seu gabinete de três partidos de centro-esquerda se reagrupe sem Babis, um bilionário que entrou na política em 2011, ou possivelmente levar a uma antecipação da eleição nacional, programada para os dias 20 e 21 de outubro.
O premiê havia exigido que Babis explicasse suas transações financeiras, entre elas o uso de brechas legais para emitir títulos isentos de impostos.
Babis negou qualquer irregularidade. A porta-voz de seu movimento ANO não estava disponível de imediato para comentar, e o porta-voz do Ministério das Finanças não quis se pronunciar.
A disputa surgiu no momento em que os partidos se preparam para as eleições de outubro, nas quais as pesquisas preveem uma vitória ampla do ANO.
"Não posso, como primeiro-ministro, carregar por mais tempo a responsabilidade por uma situação na qual uma pessoa cujo passado não é claro está na posição de ministro das Finanças", disse Sobotka a repórteres.
Muitos esperavam que Sobotka demitisse Babis, mas mantivesse o gabinete intacto. Ele disse, porém, que dispensar Babis ajudaria a fazer dele um "mártir".
O movimento de centro ANO, de Babis, tem uma vantagem de dois dígitos sobre o Partido Social-Democrata, de Sobotka, na maioria das pesquisas de opinião.
A renúncia coloca a iniciativa na mãos do presidente tcheco, Milos Zeman, que tem poder para indicar um premiê. É possível convocar eleições antecipadas se partidos governistas e opositores do Parlamento concordarem com a medida.
(Redação de Praga)