Por William Schomberg
LONDRES (Reuters) - Para alguns conservadores britânicos, Rishi Sunak é o ministro que ajudou o Reino Unido a superar a pandemia de Covid-19, mas, para outros, é o traidor que apunhalou Boris Johnson pelas costas ou o rival de Liz Truss que previu que seus planos econômicos provocariam o caos.
Agora ele precisa avaliar se pode convencer o governista Partido Conservador de que é o homem certo para salvá-lo do caos.
O ex-ministro das Finanças de Johnson foi o segundo colocado na última disputa para se tornar primeiro-ministro britânico, há apenas seis semanas, apesar de ser o candidato mais popular entre os parlamentares conservadores no Parlamento.
Ele foi derrotado por Liz Truss na votação decisiva entre os membros de base do partido, depois que muitos o culparam pela queda de Johnson.
Foi a decisão dramática de Sunak de deixar o cargo em julho que desencadeou uma onda de demissões de ministros do governo Johnson, forçando o então premiê a desistir relutantemente do cargo em Downing Street.
Durante a disputa de liderança, Sunak alertou que os cortes de impostos que Truss propunha causariam um salto nos custos dos empréstimos, uma mensagem que se mostrou correta, pois o programa econômico da premiê desencadeou uma derrocada no mercado de títulos que levou ao fim de seu governo.
Com os conservadores em crise, muitos em seu partido pensam que Sunak é o único que pode resolver os problemas do partido.
“Ele tem o plano e a credibilidade para restaurar a estabilidade financeira, ajudar a reduzir a inflação e fornecer cortes de impostos sustentáveis ao longo do tempo; e unir os conservadores, trazendo os melhores talentos ao governo para entregar ao povo britânico”, disse o ex-vice-primeiro-ministro Dominic Raab no Twitter.
Para seus apoiadores no partido, a mensagem anterior de campanha de Sunak sobre a necessidade de prudência econômica para lidar com a inflação galopante do Reino Unido e as críticas aos planos de "conto de fadas" de Truss mostraram que ele é o homem certo para o trabalho.
Mas ele terá que avaliar se pode superar a hostilidade dos membros do partido que continuam magoados por conta do que foi considerada uma traição a Johnson, e por elevar a carga tributária do Reino Unido ao seu nível mais alto em décadas, no momento em que o país estava enfrentando uma crise grave de custo de vida.