Por Ursula Scollo e Caroline Stauffer
LIMA (Reuters) - Os mercados do Peru se animaram nesta segunda-feira com o resultado da eleição presidencial de domingo mostrando dois candidatos pró-mercado no segundo turno: Keiko Fujimori, a filha conservadora de um ex-presidente hoje na prisão, e o economista centrista Pedro Pablo Kuczynski.
Com 83 por cento das urnas apuradas, Keiko tem 39,6 por cento dos votos, e Kuczynski, 77 anos, ex-economista do Banco Mundial conhecido popularmente como 'PPK', o apoio de 22,1 por cento do eleitorado. A nacionalista Veronika Mendoza vem atrás com 18,4 por cento.
O mercado acionário do Peru está no caminho para fechar a sessão com os maiores ganhos desde 2008, e o importante índice da bolsa subiu mais de 11 por cento. O sol, a moeda nacional, subia mais de 2,6 por cento, para 3,28 em relação ao dólar, na maior alta diária desde 1992, quando o pai de Keiko Fujimori era presidente.
O modelo econômico de livre mercado que vigora no país há 25 anos será mantido seja em uma presidência de Keiko ou de Kuczynski, e seus partidos provavelmente irão dominar o Congresso.
"No papel, os dois programas são muito semelhantes", disse Pedro Tuesta, economista da consultoria 4Cast, acrescentando que Kuczynski tem mais preferência por impulsionar a economia pelo lado da oferta, algo que poderia aumentar os déficits.
Os mercados tiveram queda na semana passada devido a temores em relação a nacionalista Veronika, de 35 anos, que queria substituir a constituição peruana de 1993 e disse que a poderosa indústria de mineração do Peru deveria ter menos influência.
Keiko ficou bem abaixo dos 50 por cento de que necessitava para vencer já no primeiro turno e provavelmente estará mais vulnerável no segundo turno do pleito no dia 5 de junho.
Apesar da dianteira de Keiko na votação de domingo, pesquisas revelaram que a oposição à candidata vem crescendo desde o início do ano e que muitos dos que rejeitam o estilo de governo beligerante de seu pai devem votar em Kuczynski ou Veronika.
Filho de imigrantes europeus, Kuczynski é um economista pró-mercado e ex-ministro das Finanças, mas é mais moderado em certos temas sociais do que Keiko, de 40 anos, e não tem a bagagem associada com seu sobrenome.
"Acredito que podemos voltar a ter um crescimento econômico de 5 por cento ao ano com algumas medidas", afirmou ele nesta segunda-feira.
Kuczynski disse que, se o Congresso aprovar a proposta que permite a presidiários idosos, como Fujimori pai, concluírem suas penas em casa, ele sancionará a lei caso seja eleito presidente.
Keiko afirmou que irá impulsionar o crescimento econômico, depois do fim do boom de mineração de uma década, recorrendo a um fundo emergencial e emitindo novos títulos da dívida para financiar obras de infraestrutura urgentes. Ela se apresentou como a única candidata que será rígida o suficiente com o crime.