BUENOS AIRES (Reuters) - O principal candidato de oposição na eleição presidencial de outubro na Argentina quer que o Banco Central diminua as taxas de juros de seus títulos de curto prazo, segundo uma entrevista exibida na noite de domingo.
O peronista Alberto Fernández, que tem a ex-presidente argentina Cristina Kirchner como vice de chapa, disse ao site de notícias local El Destape que o dinheiro pago aos detentores das "Leliq", letras de liquidez de sete dias do BC, seria mais bem gasto com benefícios aos trabalhadores e aposentados assolados pela inflação.
"Vamos parar de pagar os juros Leliq que a Argentina está pagando atualmente todos os dias", disse Fernández. "Macri extinguiu a economia argentina, e temos que ressuscitá-la colocando dinheiro nos bolsos de trabalhadores e aposentados."
Com a economia em recessão e uma inflação de mais de 50% ao ano, a taxa média paga pelas Leliq na sexta-feira era de 59,587 por cento.
Fernández também indicou que gostaria de ver um enfraquecimento maior do peso, que já perdeu mais de 14% de seu valor neste ano e está cotado a 43,79 pesos por dólar.
"Este não é o valor real do dólar, e eles sabem disso. Eles estão nos obrigando a viver com um dólar barato enquanto pagamos taxas de juros exorbitantes que prejudicam a economia", disse.
Uma moeda mais fraca poderia gerar emprego fortalecendo os fabricantes que recebem em dólar por suas exportações.
A eleição é vista como um referendo sobre os cortes de gastos dolorosos feitos pelo governo do presidente Mauricio Macri para reduzir o déficit fiscal.
Pesquisas de opinião analisadas pela Reuters neste mês mostraram que a eleição provavelmente terá um segundo turno sem nenhum favorito na votação inicial de 27 de outubro.
Para ser eleito no primeiro turno, um candidato precisa de 45% ou mais dos votos ou 40% com uma vantagem de ao menos 10 pontos sobre o segundo colocado. Um segundo turno aconteceria em novembro.
(Por Eliana Raszewski)