WILMINGTON, Estados Unidos (Reuters) - Joe Biden, o pré-candidato presidencial democrata que lidera as pesquisas nos Estados Unidos, criticou duramente a reação do presidente republicano Donald Trump ao surto de coronavírus nesta quinta-feira, acusando-o de ter um "relacionamento antagonístico com a verdade" e de ignorar conselhos científicos.
"Infelizmente, este vírus desnudou as limitações graves do governo atual", disse Biden em um discurso de 20 minutos em seu Estado natal de Delaware.
O discurso vespertino do ex-vice-presidente ocorreu pouco menos de 16 horas depois de Trump fazer seu próprio pronunciamento na Casa Branca, e visou dar aos norte-americanos um vislumbre de como ele lidaria com uma crise internacional como presidente.
Na noite de quarta-feira, Trump anunciou uma proibição de viagens de 30 dias da Europa continental aos EUA e prometeu medidas de estímulo econômico, prometendo conter a pandemia.
Mas os mercados financeiros globais já combalidos voltaram a despencar nesta quinta-feira. Os índices de ações dos EUA recuaram 7% no pregão da tarde, confirmando que Wall Street está em tendência de queda.
Biden assumiu o controle da batalha com o senador Bernie Sanders, do Vermont, pela indicação democrata depois de vencer ao menos quatro das seis primárias estaduais de terça-feira.
Sanders planejava fazer seu próprio discurso na noite desta quinta-feira para abordar o surto de coronavírus.
Em uma crítica áspera à reação do governo, Biden atacou Trump pelas ações que adotou e ao mesmo tempo o culpou por não fazer mais para enfrentar a crise cada vez maior.
Observando que Trump chamou a doença de "vírus estrangeiro" na quarta-feira, Biden alertou para a "xenofobia" e disse que o coronavírus "não discrimina com base em origem nacional, raça, gênero ou código postal".
"Proibir todas as viagens da Europa ou qualquer outra parte do mundo pode desacelerá-lo, mas, como vimos, não o deterá."
Biden também delineou seu próprio plano para lidar com o surto, o que incluiria licenças emergenciais pagas para trabalhadores e exames de diagnóstico gratuitos e amplamente disponíveis.
Em resposta, a campanha de reeleição de Trump defendeu as ações do presidente e acusou Biden em um comunicado de tentar "capitalizar politicamente e atiçar os temores dos cidadãos".
(Por Trevor Hunnicutt e John Whitesides em Washington; reportagem adicional de Steve Holland, Susan Heavey e Jason Lange)