(Reuters) - O presidente da China, Xi Jinping, voou nesta segunda-feira para Moscou, onde deve insistir sobre o papel de Pequim como potencial pacificador na guerra da Ucrânia, enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, espera apoio contra a pressão ocidental.
Xi será o primeiro líder nacional a apertar a mão de Putin desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra ele na sexta-feira devido à deportação de crianças ucranianas para a Rússia desde a invasão.
Moscou disse que a acusação foi uma das várias "exibições claramente hostis", enquanto Pequim afirmou que refletia padrões duplos.
A Rússia está apresentando a viagem de Xi, a primeira desde que garantiu um terceiro mandato sem precedentes neste mês, como prova de que tem um amigo poderoso em seu impasse com um Ocidente hostil.
"Podemos sentir a paisagem geopolítica do mundo exterior passando por mudanças drásticas", disse Putin em um artigo no Diário do Povo da China publicado no site do Kremlin, acrescentando que tem grandes esperanças na visita de seu "bom e velho amigo".
Para Xi, a visita é uma corda bamba diplomática.
A China lançou uma proposta de 12 pontos para resolver a crise na Ucrânia, mas ao mesmo tempo fortaleceu os laços com Moscou.
O país tem rejeitado repetidamente as acusações ocidentais de que planeja armar a Rússia, mas diz que quer uma parceria energética mais próxima depois de aumentar as importações de carvão, gás e petróleo russos.
As sanções ocidentais significam preços mais baratos que economizaram bilhões de dólares para Pequim.
A televisão estatal russa mostrou Xi chegando ao aeroporto de Vnukovo, em Moscou, na tarde desta segunda-feira no horário local. Ele terá conversas "informais" com Putin, seguidas de jantar.
As negociações formais estão marcadas para terça-feira.
Xi escreveu em um artigo publicado na Rússia que os dois países aderiram ao conceito de "amizade eterna e cooperação mutuamente benéfica" e que a proposta de paz da China para a Ucrânia, divulgada no mês passado, reflete visões globais.
"Problemas complexos não têm soluções simples", escreveu Xi no Rossiiskaya Gazeta, jornal publicado pelo governo russo, de acordo com uma tradução da Reuters do russo.
A Ucrânia diz que uma trégua daria a Putin tempo para se reforçar antes de uma planejada contraofensiva ucraniana e pediu à Rússia e à China para respeitarem a lei internacional, como dizem fazer.
"O primeiro e principal ponto é a capitulação ou retirada das forças de ocupação russas do território da Ucrânia, de acordo com as normas do direito internacional", disse Oleksiy Danilov, chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, pouco antes de Xi chegar a Moscou.
A proposta da China não contém nenhum plano concreto sobre como acabar com a guerra de um ano que matou dezenas de milhares de pessoas, destruiu cidades e forçou milhões a fugir.