Por Susan Cornwell, Joseph Axe e David Morgan
WASHINGTON, 8 Jan (Reuters) - A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, disse ter conversado com o comandante militar do país na sexta-feira sobre tomar precauções para evitar que um "desequilibrado" presidente Donald Trump acesse códigos de lançamento nuclear nos últimos dias de seu mandato.
A declaração de Pelosi ocorreu pouco antes de os democratas no Congresso iniciarem uma teleconferência para discutir se buscam o impeachment de Trump pela segunda vez, dois dias depois que seus apoiadores --inflamados pelas falsas alegações do presidente de fraude eleitoral-- invadiram o Capitólio dos EUA, quebrando janelas, forçando a saída de parlamentares e causando cinco mortes.
"A situação deste presidente desequilibrado não poderia ser mais perigosa", disse Pelosi. A presidente da Câmara dos Deputados afirmou que discutiu o assunto com o general do Exército Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto.
Embora os presidentes dos Estados Unidos tenham acesso aos códigos necessários para disparar armas nucleares 24 horas por dia, nenhum militar ou autoridade de segurança nacional expressou qualquer preocupação publicamente sobre o estado mental de Trump com relação às armas nucleares.
O gabinete de Milley disse que Pelosi fez a ligação e que o general "respondeu às suas perguntas sobre o processo de autoridade de comando nuclear".
Uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato, afirmou que qualquer uso de armas nucleares é um processo altamente deliberativo.
Na abertura da teleconferência, Pelosi chamou Trump de "inssurecionista” e disse que os congressistas estavam lá para discutir "como seguiremos em frente", de acordo com uma fonte na teleconferência.
Um dia depois de Trump prometer em um vídeo garantir uma transição tranquila para o governo do presidente eleito Joe Biden, ele voltou a um tom mais combatente.
No Twitter, ele elogiou seus apoiadores e disse: "Eles não serão desrespeitados ou tratados injustamente de forma alguma!!!"
Trump também confirmou que não comparecerá à posse de Biden em 20 de janeiro, rompendo uma tradição consagrada que normalmente vê o presidente que está saindo escoltando seu sucessor ao Capitólio para a cerimônia. A prática é vista como uma parte importante da transferência pacífica de poder.
(Reportagem de Richard Cowan em Washington e Joseph Axe em Princeton, Nova Jersey, e Susan Cornwell, Steve Holland, Doina Chiacu, Andrea Shalal e Susan Heavey em Washington)