Por David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson, disse nesta sexta-feira que um painel de ética do Congresso não deveria divulgar um relatório examinando as alegações de má conduta sexual contra Matt Gaetz, a escolha do presidente eleito Donald Trump para procurador-geral dos EUA.
Os parlamentares de ambos os partidos no Comitê Judiciário do Senado disseram que querem ver o relatório inédito do Comitê de Ética da Câmara sobre Gaetz, como parte de um processo de confirmação do Senado para os indicados ao gabinete que começará no próximo ano com audiências públicas.
"Vou solicitar veementemente que o comitê de ética não divulgue o relatório, porque não é assim que fazemos as coisas na Câmara", disse Johnson, republicano da Louisiana, a jornalistas.
Gaetz, de 42 anos, nega qualquer irregularidade e renunciou ao Congresso na quarta-feira, encerrando a investigação sobre ética dois dias antes da expectativa de que o comitê divulgasse o documento.
O ex-congressista enfrentou uma investigação de quase três anos do Departamento de Justiça sobre alegações de tráfico sexual envolvendo uma garota de 17 anos. Seu gabinete disse em 2023 que ele havia sido informado pelos promotores que não seria acusado.
Johnson disse que planejava pedir ao presidente do Comitê de Ética da Câmara, Michael Guest, que não forneceça o relatório de Gaetz ao Comitê Judiciário do Senado. "As regras da Câmara sempre foram de que um ex-membro está fora da jurisdição do comitê de ética", disse Johnson, que retornou na manhã de sexta-feira de um encontro com Trump na Flórida.
"Acho que é uma violação terrível do protocolo, da tradição e do espírito da regra", acrescentou. "Acho que seria um péssimo precedente a ser estabelecido."
A posição de Johnson marca uma reviravolta em relação à quarta-feira, quando ele disse à impresa que, como presidente da Câmara, não poderia se envolver na decisão de divulgar ou não o relatório.
Gaetz faz parte de uma série de indicados por Trump nesta semana que não possuem os currículos normalmente vistos em candidatos a cargos administrativos de alto nível.
Para assumir o cargo, ele precisa ser confirmado pelo Senado - onde os republicanos terão uma maioria de pelo menos 52 das 100 cadeiras. Vários republicanos têm expressado ceticismo sobre a escolha.