RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse nesta segunda-feira que a relação entre a União Europeia e a Rússia pode piorar após a tragédia com o avião da Malaysia Airlines, que caiu na Ucrânia em 17 de julho com 298 pessoas a bordo.
O governo ucraniano alega ter provas de que o míssil que teria derrubado o avião de passageiros na semana passada tem origem na Rússia, apesar das negativas de Moscou.
"A destruição do avião da Malaysia é algo extremamente grave; pedimos uma investigação independente e completa, e as primeiras indicações são de que o avião foi abatido por rebeldes separatistas pró-russos. Estamos tentando o apuramento completo da realidade", declarou o presidente da Comissão Europeia em debate na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
"Isso provavelmente vai ter consequências mais negativas na relação entre UE e Rússia. Não podemos aceitar esse tipo de comportamento. Se agora começarem a derrubar os aviões dos céus dos nossos associados, onde vai parar o mundo?", completou.
O conflito entre Rússia e Ucrânia se intensificou depois que os russos anexaram a região craniana da Cri meia, em março. Desde então, grupos separatistas pró-Rússia, do leste ucraniano, combatem o governo central em Kiev por independência.
Durão Barroso afirmou que em meio à crise entre russos e cranianos, o papel da UE tem sido fortalecer a independência da Ucrânia e mostrar que a Rússia não pode manter essa conduta.
"Infelizmente, vimos nessa crise, vimos na Rússia tons nacionalistas que julgávamos que já não faziam mais parte do século 21 e uma lógica de Guerra Fria que é lamentável", disse Durão Barroso no debate, lembrando que há poucas semanas, mesmo com a pressão russa, o presidente da Ucrânia, Perto Poroshenko, assinou um acordo de aproximação com a UE.
"A Rússia, contra todas as regras internacionais, anexou a Cri meia. Isso é uma violação absoluta do direito internacional", afirmou ele.
O presidente da Comissão Europeia ressaltou que a UE não quer confronto com os russos.
"Não desejamos um confronto, mas será difícil se o governo russo não tomar medidas absolutamente claras no sentido de impedir o que está acontecendo na zona leste da Ucrânia", disse.
(Por Rodrigo Viga Gaier)