Por Fatos Bytyci
PRISTINA (Reuters) - A presidente de Kosovo, Vjosa Osmani, acusou a Sérvia e seu presidente, Aleksandar Vučić, de estarem por trás de um tiroteio entre homens armados e a polícia kosovar no norte do país no último fim de semana, na pior onda de violência na área em anos.
As autoridades de Kosovo disseram que a polícia enfrentou cerca de 30 sérvios fortemente armados, que invadiram a pacata vila de Banjska no domingo e se barricaram em um mosteiro ortodoxo sérvio. Três atiradores e um policial morreram.
O tiroteio provocou uma nova preocupação internacional sobre a estabilidade de Kosovo, que tem uma maioria étnica albanesa e declarou independência da Sérvia em 2008, após uma revolta de guerrilheiros e uma intervenção da Otan em 1999.
"Kosovo está sendo atacado", disse Osmani à Reuters em uma entrevista em seu escritório nesta quinta-feira.
"O grupo (armado) simplesmente exercitou as intenções e os motivos da Sérvia como país e de Vučić como líder."
A Sérvia e Vučić negaram as acusações de envolvimento. Nenhum grupo se manifestou para reivindicar a responsabilidade pelo ataque ou explicar os motivos dos atiradores.
Osmani disse que a Sérvia ainda tem reivindicações territoriais contra Kosovo e estava agindo para realizar um "modelo da Crimeia", criando tensões no norte de Kosovo, onde cerca de 50 mil sérvios locais ainda veem Belgrado como sua capital e rejeitam o governo de Pristina.
"O que eu diria ao presidente Vučić é que pare de mexer com o Kosovo. O Kosovo defenderá sua liberdade, sua independência e sua soberania a qualquer preço", disse Osmani.
A Rússia tomou e anexou a região da Crimeia, na Ucrânia, em 2014, e as autoridades de Kosovo temem que a Sérvia possa influenciar a parte norte do país.
O governo de Kosovo publicou o que diz serem fatos que mostram que o grupo foi treinado, armado e recebeu outros tipos de apoio do governo de Belgrado e de agências de segurança.
"Estou muito preocupada com a possibilidade de que tais ataques, mesmo em maior escala, possam ocorrer no futuro se a Sérvia não for condenada, em primeiro lugar, por esse ato terrorista de agressão", disse Osmani.