Por Parisa Hafezi e Bozorgmehr Sharafedin
DUBAI/LONDRES (Reuters) - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, rejeitou a renúncia do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, nesta quarta-feira, expressando apoio a um aliado moderado visado por radicais em intrigas internas a respeito do acordo nuclear firmado com o Ocidente em 2015.
Zarif, diplomata veterano que estudou nos Estados Unidos e ajudou a arquitetar o pacto que limitou o programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções, anunciou sua decisão na segunda-feira no Instagram.
"Como o líder supremo o descreveu como uma pessoa 'confiável, corajosa e religiosa' na linha de frente da resistência contra pressões generalizadas dos EUA, considero que aceitar sua renúncia é contrário aos interesses nacionais e a rejeito", disse Rouhani em uma carta publicada pela agência de notícias estatal Irna.
A saída de Zarif teria privado o Irã de seu diplomata mais habilidoso, um negociador paciente que foi capaz de firmar um acordo com potências ocidentais durante anos de negociações intensas.
Seu conhecimento do Ocidente, obtido durante anos de estudos nos EUA e depois como representante iraniano na Organização das Nações Unidas (ONU), lhe permitiu forjar um relacionamento com autoridades norte-americanas apesar de décadas de animosidade entre Washington e Teerã.
Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou o acordo nuclear, os oponentes conservadores do chanceler o acusaram de vender seu país.
A grande repercussão do anúncio da renúncia de Zarif e as demonstrações de apoio de autoridades de alto escalão que se seguiram podem lhe dar munição política contra os radicais em meio ao desenrolar da disputa de poder interna.
Zarif não deu motivos específicos para a renúncia.