Por Ahmed Rasheed
BAGDÁ (Reuters) - O presidente do Iraque, Barham Salih, se recusou nesta quinta-feira a nomear o indicado de um bloco parlamentar apoiado pelo Irã como primeiro-ministro, dizendo que preferiria se demitir a escolher alguém para a posição que seria rejeitado pelos manifestantes.
Liderado por Hadi al-Amiri, líder miliciano chancelado por Teerã, o bloco Bina indicou o governador de Basra, Asaad al-Edanim, como próximo premiê.
Mas Salih disse em um comunicado que indicar Edani não apaziguaria os manifestantes que exigem um premiê independente e sem filiação partidária, nem ajudaria a acalmar os tumultos que vêm abalando o país.
Ele disse que, como a Constituição não lhe dá o direito de rejeitar indicados ao cargo de primeiro-ministro, está pronto para sair.
"Devido ao meu desejo de deter o derramamento de sangue e manter a paz, e com o devido respeito a Asaad al-Edani, recuso-me a indicá-lo", disse Salih. "Portanto, submeto minha disposição de renunciar ao posto de presidente aos membros do Parlamento para que decidam, como representantes do povo, o que consideram adequado."
O Iraque tem sido palco de protestos em massa desde 1º de outubro, e os manifestantes, a maioria jovens, exigem a reforma de um sistema político que acreditam ser profundamente corrupto e manter a maioria dos iraquianos na pobreza. Mais de 450 pessoas já morreram.
O então premiê Adel Abdul Mahdi renunciou no mês passado em meio aos protestos, mas permaneceu no cargo em caráter interino.
(Reportagem de Ahmed Rasheed)