MANILA (Reuters) - O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, desafiou o Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta sexta-feira a prendê-lo ou enforcá-lo por causa das supostas execuções extrajudiciais de sua guerra às drogas, mas disse que se recusará a cooperar com estrangeiros se for levado a julgamento.
Os comentários foram seus desafios mais recentes à corte de Haia, que ainda não decidiu se o investigará por causa das milhares de mortes de sua operação repressiva, durante a qual foram cometidos crimes contra a humanidade, segundo ativistas.
"Vocês não me assustam porque vão me prender no Tribunal Penal Internacional. Nunca me permitirei responder a esses brancos", disse Duterte em um discurso a cadetes e reservistas militares.
"Nunca, nunca, nunca responderei nenhuma pergunta vinda de vocês. É tudo merda para mim. Só sou responsável para os filipinos. Os filipinos julgarão".
Ele acrescentou: "E se me enforcarem pelo que fiz, vão em frente. O prazer é todo meu."
Duterte também atacou a Organização das Nações Unidas (ONU) depois que seu organismo de direitos humanos aprovou uma resolução em julho para investigar supostos abusos nas Filipinas.
O ex-prefeito rebelde provocou diversas vezes o TPI e ameaçou estapear ou prender seu procurador, que em fevereiro de 2018 anunciou que um exame preliminar sobre as execuções ligadas à operação antidrogas estava em andamento.
Duterte, de 74 anos, reagiu cancelando a filiação de seu país à corte um mês depois, unilateralmente e sem aprovação legislativa, dizendo que esta o privou da presunção de inocência. A Anistia Internacional classificou a medida de "equivocada" e "covarde".
O procurador do TPI diz que a jurisdição se aplica a crimes cometidos enquanto um país é membro.