Por Richard Lough e John Irish
PARIS (Reuters) - O primeiro-ministro do Líbano, Saad al-Hariri, e sua família irão viajar à França nos próximos dias, disse uma fonte presidencial francesa nesta quarta-feira, após o presidente Emmanuel Macron convidá-lo como parte de esforços para diminuir tensões no Oriente Médio.
Falando na cidade alemã de Bonn após uma conferência sobre o clima, Macron disse que seu convite não é uma oferta de exílio para Hariri, que anunciou sua abrupta renúncia como premiê há 11 dias da capital saudita, Riad.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, que se recusou a aceitar a renúncia do primeiro-ministro, acusou mais cedo nesta quarta-feira os sauditas de tornarem Hariri refém – e chamou isto de um ato de agressão.
Perguntado se estava oferecendo exílio a Hariri, Macron disse: “Não, de maneira alguma. Eu espero que o Líbano seja estável e que escolhas políticas estejam de acordo com normas institucionais”.
“Nós precisamos de um Líbano forte com sua integridade territorial respeitada. Nós precisamos de líderes que sejam livres para fazer suas próprias escolhas e falar livremente”.
A França possui relações próximas com o Líbano, que esteve sob controle francês entre as guerras mundiais, e com Hariri, que possui uma casa na França e passou diversos anos no país. Seu pai, Rafik, era amigo próximo do ex-presidente Jacques Chirac.
O convite de Macron aconteceu após conversar tanto com o príncipe saudita Mohammed bin Salman quanto com Hariri por telefone, informou o Eliseu em comunicado.
A Arábia Saudita negou ter detido Hariri ou coagido ele a renunciar.
Uma fonte no Palácio do Eliseu disse que Hariri deve desembarcar na França “nos próximos dias”.
“REPENTINO”
A oferta da França aparentou ter sido de último minuto, sem indícios de autoridades francesas nesta manhã de que isto era programado. Um porta-voz do governo francês em entrevista coletiva semanal até mesmo pediu para Hariri voltar a Beirute para entregar sua renúncia.
Diplomatas franceses em Paris aparentavam ter sido pegos de surpresa. Eles disseram que Macron havia encontrado uma maneira de tirar Hariri da Arábia Saudita sem perdas para nenhum lado, mas questionaram como isto irá funcionar a longo prazo.
“Isto foi repentino”, disse um diplomata.
“O presidente quer diminuir tensões... mas nós também estamos em círculos. Estamos somente herdando os problemas?”.