Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O presidente do Peru, Martín Vizcarra, reagiu furioso nesta quarta-feira a uma nova tentativa do Congresso de iniciar um processo de impeachment por acusações de corrupção, um mês depois de o político escapar de uma outra tentativa semelhante em meio à crise econômica e sanitária do país.
O presidente do Congresso, Manuel Merino, marcou para quinta-feira uma sessão plenária para anunciar o pedido de um grupo de parlamentares de iniciar um segundo julgamento político de Vizcarra, a menos de seis meses das eleições gerais peruanas, de acordo com o site do Parlamento.
"Dobrando a esquina estão as eleições", afirmou Vizcarra no Palácio do Governo ao rechaçar o comportamento do Congresso, que classificou como inoportuno. "Quem quer mexer no tabuleiro da democracia? Talvez quem vê que não tem nenhuma possibilidade nessas eleições", questionou o presidente.
O pedido foi feito após a publicações de notícias de que Vizcarra supostamente teria recebido, quando era governador há sete anos, um suborno de 2,3 milhões de soles (634 mil dólares) de duas empresas que ganharam licitações para realizar obras públicas. Vizcarra nega a acusação.
Depois de informar o plenário do Legislativo sobre a nova iniciativa para destituir Vizcarra, o Congresso deve decidir em outra sessão se admite ou não o processo de vacância presidencial por "incapacidade moral", com pelo menos 52 votos, dos 130 membros do Congresso unicameral, dominado pela oposição.
Se passar esse filtro, o Legislativo aí deve convocar Vizcarra, de 57 anos, para que se defenda. Depois, se o Congresso encontrar mérito nas acusações pode aprovar a destituição do presidente com pelo menos 87 votos.