Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O presidente peruano, Martín Vizcarra, adotou um tom desafiador nesta sexta-feira no debate sobre processo de impeachment no Congresso e disse que não vai se intimidar, apesar das tentativas de removê-lo do poder.
Vizcarra apresentou sua defesa por acusações de manipular as declarações de colaboradores próximos sobre a visita ao Palácio de governo de um cantor pouco conhecido chamado "Richard Swing", investigado pelo Congresso e pelo Ministério Público por contratos irregulares de consultoria com o governo.
As acusações surgiram do vazamento de áudios de conversas de duas secretárias de Vizcarra e do cantor, divulgados na semana passada no Congresso, antes de os parlamentares aprovarem o início de processo de impeachment.
"Reconheço que é a minha voz que está em um desses áudios (...) o que não vou aceitar de forma alguma são as acusações feitas e a forma tendenciosa como a informação foi apresentada", afirmou Vizcarra na defesa de quase 20 minutos em sessão com alguns legisladores presentes e outros seguindo virtualmente.
Vizcarra, de 57 anos, que não tem representação no Congresso, disse que foi ao Parlamento apesar de ter sido aconselhado a não ir para evitar ser "maltratado".
"Eu não fujo, não o fiz antes e não vou fazer agora. Estou aqui, de cabeça erguida e de consciência tranquila", disse ele.
"É muito sério ter o país mergulhado nessa incerteza", declarou Vizcarra, que usava terno escuro e sem gravata, antes de deixar seu advogado Roberto Pereyra continuar com a defesa.
O Congresso dominado pela oposição tem que reunir pelo menos 87 votos de 130 legisladores para destituir Vizcarra.