MONTEVIDÉU (Reuters) - O presidente do Uruguai, José Mujica, disse nesta quarta-feira que fará consultas com o próximo governo que será eleito neste mês sobre a decisão de dar refúgio a prisioneiros de Guantánamo no país, suavizando a sua posição sobre o tema.
O mandatário havia se comprometido com seu homólogo norte-americano, Barack Obama, a receber seis presos do centro penitenciário localizado em Cuba para colaborar com o fechamento definitivo da instalação e havia defendido acentuadamente sua decisão diante das críticas da oposição.
"Teremos que ver a opinião do novo governo", disse a jornalistas após falar em um evento da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), em Montevidéu.
Os uruguaios irão às urnas em 26 de outubro para eleger o novo presidente que governará por cinco anos a partir de 1 de março de 2015. As pesquisas sugerem que haverá um segundo turno em novembro porque nenhum dos candidatos deverá obter 50 por cento dos votos necessários.
"Não fujo de decisões quando tenho que tomá-las, mas um presidente tem que considerar que não é um rei", acrescentou o mandatário, flexibilizando a sua posição depois de ter afirmado que iria tratar do assunto unicamente com o seu travesseiro.
A ideia de refugiar os detidos é rejeitada por 58 por cento dos uruguaios por medo sobre a segurança, de acordo com a última pesquisa da consultoria Cifra.
O tema ganhou cada vez mais espaço no debate eleitoral, em uma corrida liderada pelo candidato da coalizão governista de esquerda, Tabaré Vázquez, seguido pelo candidato opositor do Partido Nacional, o centrista Luis Lacalle.
Lacalle antecipou que discorda do refúgio de presos de Guantánamo no Uruguai.
(Reportagem de Malena Castaldi)