BEIRUTE (Reuters) - O presidente da Síria, Bashar al-Assad, alertou neste domingo que os Estados Unidos não vão proteger os que dependem deles, em referência aos combatentes curdos que controlam grande parte do norte do país.
"Nós dizemos a esses grupos que estão apostando nos norte-americanos: os americanos não vão protegê-los", disse ele, sem citar nomes. "Os americanos vão colocá-los em seus bolsos, para que vocês possam ser uma ferramenta de troca, e eles já começaram (a fazê-lo)."
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou em dezembro que retiraria tropas da Síria, levantando mais dúvidas sobre o destino dos aliados curdos de Washington, que estão sob ameaça de ataques turcos.
As forças dos EUA forneceram armas e treinamento para as Forças Democráticas da Síria (SDF), lideradas pela milícia curda YPG, a principal parceira dos EUA na batalha contra o Estado Islâmico. A presença norte-americana ajudou a SDF a tomar parte do norte e do leste da Síria, e também foi amplamente vista como um estorvo para a Turquia, que prometeu esmagar o YPG.
Ankara vê o YPG como uma ameaça à segurança e uma extensão do movimento curdo PKK, que promove uma insurgência em solo turco há décadas.
O movimento dos EUA levou líderes sírios curdos a novas conversas com Damasco e seu principal aliado, Moscou, na esperança de chegar a um acordo que proteja a região do SDF e garanta a eles pelo menos alguns de seus ganhos.
"Ninguém vai protegê-los, exceto seu Estado", disse Assad em um discurso transmitido ao vivo neste domingo. "Se vocês não se prepararem para defender seu país, vocês não serão nada além de escravos (para a Turquia)".
(Reportagem de Ellen Francis; Edição de Mark Potter)