DUBAI (Reuters) - O poderoso príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, classificou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, como "o novo Hitler do Oriente Médio", em uma entrevista ao jornal New York Times publicada na quinta-feira, intensificando consideravelmente a guerra de palavras entre os dois países arquirrivais.
A sunita Arábia Saudita e o xiita Irã apoiam lados opostos em diversas guerras e crises políticas por toda a região.
Mohammed bin Salman, que também é o ministro da Defesa da monarquia e potência petroleira aliada aos Estados Unidos, insinuou que a suposta expansão da República Islâmica sob o comando do aiatolá Khamenei precisa ser confrontada.
"Mas aprendemos com a Europa que o apaziguamento não funciona. Não queremos que o novo Hitler do Irã repita o que aconteceu na Europa no Oriente Médio", disse o líder saudita, segundo o jornal.
As tensões se elevaram neste mês, quando o primeiro-ministro libanês e aliado saudita, Saad Hariri, renunciou em uma transmissão de televisão feita em Riad citando a influência do grupo Hezbollah, apoiado por Teerã, no Líbano e riscos à sua vida.
O Hezbollah qualificou a medida como um ato de guerra orquestrado pelas autoridades sauditas, uma acusação que estas negaram. Mais tarde Hariri suspendeu sua renúncia.
A Arábia Saudita realizou milhares de ataques aéreos durante a guerra de dois anos e meio no vizinho Iêmen para derrotar o movimento houthi, alinhado ao Irã, que ocupou vastas áreas do país.
Salman disse ao NYT que o conflito está caminhando a seu favor e que seus aliados controlam 85 por cento do território iemenita.
Mas os houthis ainda controlam os principais centros populacionais, apesar do esforço de guerra de uma coalizão militar encabeçada pelos sauditas, que recebe inteligência e reabastecimento para seus aviões de guerra dos EUA. Cerca de 10 mil pessoas já morreram no conflito.
O grupo lançou um míssil balístico na direção do principal aeroporto de Riad em 4 de novembro, o que os sauditas descreveram como um ato de guerra de Teerã.
Em maio Bin Salman disse que a Arábia Saudita fará com que qualquer confronto futuro entre os dois países "seja disputado no Irã".
De sua parte, Khamenei se referiu à Casa de Saud como uma "árvore amaldiçoada", e autoridades iranianas acusaram o reino de disseminar o terrorismo.
(Por Noah Browning)