Por Brian Ellsworth
CARACAS (Reuters) - A Procuradoria-eral da Venezuela na noite de quarta-feira que abriu uma investigação sobre acusações de que o conselho eleitoral do país manipulou dados de comparecimento da controversa eleição de domingo para formar uma Assembleia Constituinte.
A empresa de tecnologia de votação Smartmatic, que fornece equipamentos de voto para países da América do Sul, disse que os dados de comparecimento de 8,1 milhões haviam sido inflados em ao menos 1 milhão de votos. A companhia não descreveu seu método para chegar a essa conclusão.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o conselho eleitoral negaram as acusações.
A contagem de votos foi crucial para que o governista Partido Socialista legitimizasse a eleição para a Assembleia Constituinte, que foi boicotada pela oposição e amplamente condenada por países por todo o mundo como um ataque contra as liberdades democráticas.
"Nós estamos frente a uma ação grave e sem precedentes que pode constituir um crime", disse a procuradora-geral Luisa Ortega em um comunicado, que cita uma entrevista dela à CNN.
Ela disse que as acusações "constituem outro elemento no processo fraudulento, ilegal e inconstitucional", de acordo com o comunicado, que não disse se a investigação será baseada somente nas acusações da Smartmatic.
Autoridades do Partido Socialista têm questionado as ações de Ortega há meses e começaram procedimentos judiciários para removê-la do cargo, argumentando que ela ultrapassou sua autoridade. Ortega havia descrito a votação de domingo como ilegal.
Maduro disse no domingo que uma das maiores prioridades da Assembleia Constituinte, que não tem restrições formais de poder, seria a "reestruturação" do gabinete da procuradora-geral. Autoridades do Partido Socialista sugeriram que a nova Assembleia tirará Ortega do cargo.