CARACAS (Reuters) - O gabinete do procurador-geral da Venezuela disse nesta segunda-feira que emitiu uma segunda convocação para o líder da oposição Edmundo González para comparecer a um interrogatório sobre um site da oposição que publicou resultados detalhados da disputada eleição presidencial do país no mês passado.
González, ex-diplomata de 74 anos, recebeu a primeira convocação no fim de semana para comparecer na manhã desta segunda-feira às 10h (horário local), mas não havia comparecido até quase meio-dia, segundo testemunhas da Reuters.
A segunda convocação, publicada nas redes sociais pelo gabinete do promotor, pede que ele compareça na terça-feira às 10h para testemunhar sobre supostas usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais e outros crimes.
González disse no domingo, em um vídeo nas redes sociais, que estava sendo chamado "sem precisão sobre a condição sob a qual eu testemunharei e pré-acusado de crimes que não foram cometidos".
A lei venezuelana permite a emissão de um mandado de prisão quando alguém viola uma convocação três vezes.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela e o Tribunal Supremo declararam o presidente Nicolás Maduro como o vencedor da eleição de 28 de julho com pouco mais da metade dos votos, mas atas publicadas no site da oposição mostram uma vitória retumbante de González.
A oposição, alguns países ocidentais e órgãos internacionais, como um painel de especialistas da Organização das Nações Unidas, afirmaram que a votação não foi transparente e exigiram a publicação das apurações completas pela autoridade eleitoral, com alguns falando abertamente em fraude.
Autoridades do partido governista, incluindo Maduro, acusaram a oposição de estimular a violência, e o procurador-geral Tarek Saab iniciou investigações criminais contra a líder da oposição María Corina Machado, González e o site, no início deste mês.
Protestos desde a votação resultaram em pelo menos 27 mortes e 2.400 prisões.
As detenções de figuras da oposição e de manifestantes continuaram nas semanas seguintes, enquanto a Assembleia Nacional, controlada pelo partido governista, aprovava uma lei que torna mais rígidas as regras sobre as ONGs, e os sindicatos denunciavam supostas demissões em massa forçadas de funcionários públicos que defendiam pontos de vista pró-oposição.
(Reportagem de Vivian Sequera)