LONDRES (Reuters) - O príncipe britânico Charles disse nesta quinta-feira que a ascensão de grupos populistas em todo o mundo tem ecos perturbadores do fascismo dos anos 1930, e alertou para uma repetição dos "horrores do passado" para evitar a perseguição religiosa.
O herdeiro do trono do Reino Unido, que planeja assumir o título de Defensor da Fé quando se tornar rei na tentativa de unir todas as religiões, disse à rádio BBC que se tem visto um aumento nas agressões àqueles que aderiram a uma crença minoritária.
"Tudo isso tem ecos perturbadores dos dias sombrios dos anos 1930", afirmou. "A geração dos meus pais lutou e morreu em uma batalha contra a intolerância, um extremismo monstruoso e uma tentativa desumana de exterminar a população judia da Europa".
"Que quase 70 anos depois ainda estejamos vendo tais perseguições malévolas, para mim, é inacreditável", disse. "Devemos àqueles que sofreram e morreram tão horrivelmente não repetir os horrores do passado".
Os comentários do príncipe se seguiram a um alerta do papa Francisco, que em novembro disse que uma "epidemia de animosidade" contra pessoas de outras raças ou religiões está prejudicando a parcela mais frágil da sociedade.
A Europa está testemunhando um aumento no apoio a movimentos nacionalistas e populistas na França, Itália, Polônia, Hungria, no Reino Unido e em outras partes neste ano, instigado em parte por uma crise imigratória que levou cerca de 1,4 milhão de postulantes a asilo ao continente desde o início de 2015.
O número de crimes de ódio nos Estados Unidos também disparou nos 10 dias seguintes à eleição presidencial vencida por Donald Trump, na esteira de uma campanha durante a qual o empresário do setor imobiliário prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais e pediu restrições à imigração de muçulmanos.
(Por Kate Holton)