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Putin diz que Ocidente estará lutando diretamente com a Rússia se permitir uso de mísseis de longo alcance

Publicado 12.09.2024, 17:56
Atualizado 12.09.2024, 18:00
© Reuters. O presidente russo, Vladimir Putin, conversa com jornalistas em São Petersburgon12/09/2024nSputnik/Vyacheslav Prokofyev/Pool via REUTERS

Por Andrew Osborn e Guy Faulconbridge

(Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que o Ocidente estaria enfrentando diretamente a Rússia se permitisse que a Ucrânia atacasse o território russo com mísseis de longo alcance fabricados no Ocidente, medida que, segundo ele, alteraria a natureza e o escopo do conflito.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, vem há meses pedindo a aliados que autorizem Kiev a utilizar mísseis de longo alcance norte-americanos chamado ATACMS e os britânicos Storm Shadows dentro do território russo para limitar a capacidade de ataque de Moscou.

Em um dos comentários mais diretos e agressivos até o momento, Putin disse que tal medida arrastaria os países que fornecem mísseis de longo alcance a Kiev diretamente para a guerra, uma vez que os dados de segmentação por satélite e a programação real das trajetórias de voo dos mísseis teriam de ser feitos por militares da Otan, já que Kiev não tem capacidade para isso sozinha.

"Portanto, não se trata de permitir que o regime ucraniano ataque a Rússia com estas armas ou não. É uma questão de decidir se os países da Otan estão ou não diretamente envolvidos num conflito militar", disse Putin à televisão estatal russa.

"Se essa decisão for tomada, significará nada menos do que o envolvimento direto dos países da Otan, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia. Esta será a sua participação direta, e isto, claro, mudará significativamente a própria essência, a própria natureza do conflito."

A Rússia se veria forçada a tomar o que Putin chamou de "decisões apropriadas" com base nas novas ameaças.

Ele não detalhou quais medidas poderiam ser tomadas, mas já mencionou no passado sobre fornecer armamento russo a inimigos do ocidente para atacar alvos no exterior e, em junho, falou da implantação de mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e seus aliados europeus.

Maior potência nuclear do mundo, a Rússia também está no processo de revisão de sua doutrina nuclear – as circunstancias nas quais Moscou usaria armas nucleares – e Putin está sendo pressionado por aliados linha dura a alterá-la para declarar a vontade da Rússia de utilizar armas nucleares contra países que "apoiam a agressão da Otan na Ucrânia".

A Rússia também está realizando grandes exercícios navais com a China e considera restrições às exportações das principais commodities. 

© Reuters. O presidente russo, Vladimir Putin, conversa com jornalistas em São Petersburgo
12/09/2024
Sputnik/Vyacheslav Prokofyev/Pool via REUTERS

O ocidente debate a decisão de permitir ou não que Kiev utilize armas de longo alcance como parte da resposta do que classificou como uma escalada na guerra por parte de Moscou que, afirmam, teria recebido mísseis do Irã. Teerã classificou as alegações como "propaganda feia".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 2022 com dezenas de milhares de tropas, iniciando o maior confronto entre os russos e o Ocidente desde a Guerra Fria. 

(Reportagem de Andrew Osborn e Guy Faulconbridge)

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