Por Denis Pinchuk e Stephen Kalin
SOCHI, Rússia/RIAD (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu os líderes do Irã e da Turquia para debater a Síria nesta quarta-feira, lançando uma grande iniciativa diplomática para encerrar finalmente uma guerra civil já praticamente vencida pelo governo do presidente Bashar al-Assad.
Grupos opositores sírios, que se reuniram na Arábia Saudita para buscar uma posição unificada antes de conversas de paz, decidiram manter sua exigência de que Assad deixe o poder, noticiou a televisão Al Arabiya na esteira de uma especulação segundo a qual eles poderiam suavizar sua abordagem depois que seu líder linha-dura saísse.
Putin, que recebeu Hassan Rouhani e Tayyip Erdogan em Sochi, um resort no Mar Negro, dois dias depois de ser visitado no local por Assad, disse que os presidentes iraniano e turco concordaram em apoiar uma proposta russa para um "congresso do povo sírio".
A Rússia quer que o congresso, também a ser realizado em Sochi, inicie um diálogo paralelo a um processo de paz patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra.
"O congresso examinará as questões-chave na agenda nacional da Síria", disse Putin a repórteres, sentado ao lado de Rouhani e Erdogan. "Em primeiro lugar, é a elaboração de um quadro para a futura estrutura do Estado, a adoção de uma nova constituição e, com base nisso, a realização de eleições sob supervisão das Nações Unidas."
A guerra civil síria, que está em seu sétimo ano, matou centenas de milhares de pessoas e deu origem à pior crise de refugiados do mundo, levando mais de 11 milhões de pessoas a fugirem de casa.
Todas as tentativas de se obter uma solução diplomática fracassaram rapidamente, já que a oposição exige que Assad saia, o governo insiste em sua permanência e nenhum lado possui força para se impor conquistando uma vitória militar.
Mas desde que Moscou entrou na guerra ao lado do governo de Assad, em 2015, o equilíbrio de forças virou decisivamente a favor de Damasco – um ano atrás o Exército expulsou rebeldes de seu último bastião urbano, a metade leste de Aleppo.
Nas últimas semanas o autoproclamado califado do Estado Islâmico desmoronou. Agora forças do governo controlam efetivamente toda a Síria, com exceção de alguns bolsões rebeldes e uma parte do norte comandada por forças majoritariamente curdas apoiadas pelos Estados Unidos.
Tendo ajudado o governo sírio a chegar perto da vitória, Putin agora parece estar desempenhando o papel de protagonista dos esforços internacionais para encerrar o conflito nos termos de Assad.
O líder russo também conversou com seu colega norte-americano, Donald Trump, e com lideranças do Oriente Médio nesta semana, mas qualquer acordo final que mantenha Assad no poder provavelmente exigirá a participação de algum tipo de delegação opositora disposta a negociar a demanda de sua partida.
O mediador das conversas de paz da ONU, Staffan de Mistura, que preside o processo de paz formal em Genebra, disse aos grupos oposicionistas no encontro em Riad que eles precisam ter as "discussões duras" necessárias para se chegar a uma "linha comum".
(Reportagem adicional de Suleiman al-Khalidi e Dahlia Nehme)