👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Quenianos exigem indenização por terras tomadas antes da visita do rei Charles

Publicado 30.10.2023, 15:31
© Reuters. Kibore Cheruiyot Ngasura, que está entre os que acusam o governo colonial britânico de os expulsar das suas terras, em sua casa
25/10/2023
REUTERS/Monicah Mwangi

Por Aaron Ross

KERICHO, Quênia (Reuters) - Quando a então princesa Elizabeth visitou o Quênia em 1952, Kibore Cheruiyot Ngasura estava entre um grupo de jovens escolhidos para cantar para ela em um evento próximo ao Lago Vitória.

Os homens planejavam usar a ocasião para pedir a Elizabeth que transferisse seus pais de um campo de detenção na cidade de Gwassi, árida e infestada de mosquitos, onde os membros do clã Talai haviam sido mantidos por quase duas décadas sob suspeita de fomentar a resistência ao domínio colonial britânico.

O evento nunca aconteceu. Antes que Elizabeth pudesse chegar ao Lago Vitória, chegou a notícia de que seu pai, o rei George 6º, havia morrido. A nova rainha voltou correndo para Londres.

Mais de 70 anos depois, o filho de Elizabeth, o rei Charles, viajará para o Quênia nesta semana em uma visita de Estado. E Ngasura, agora com cerca de 100 anos de idade, tem novamente uma mensagem para o visitante real.

"Quero informá-lo de que devemos ser compensados pelas dificuldades pelas quais passamos", disse Ngasura à Reuters do lado de fora de sua casa, uma pequena estrutura de madeira e ferro em uma colina gramada com duas lâmpadas e sem água corrente.

O Palácio de Buckingham disse que a visita de Charles, que começa na terça-feira, reconhecerá "aspectos dolorosos da história compartilhada do Reino Unido e do Quênia". Os britânicos governaram por mais de seis décadas antes de o Quênia conquistar sua independência em 1963.

Mas para algumas comunidades nas terras altas e férteis do oeste do Quênia, as injustiças causadas pela colonização britânica são tão atuais quanto memórias históricas.

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2021 afirmou que mais de meio milhão de quenianos em torno da cidade de Kericho, no oeste do país, sofreram graves violações dos direitos humanos, incluindo assassinatos ilegais e expropriação de terras durante o domínio colonial britânico.

A administração colonial tomou centenas de quilômetros quadrados de terras em que as comunidades do oeste do Quênia viviam há gerações e as entregou aos colonos britânicos. Grande parte delas se transformou em plantações de chá que hoje pertencem a empresas multinacionais, segundo o relatório da ONU.

"Nosso povo, a maioria deles, está vivendo abaixo do nível de pobreza", disse Joel Kimetto, representante do grupo étnico Kipsigis, do qual os Talai são um dos 196 clãs.

"A maior parte das vastas terras férteis foi tomada pelos britânicos e nosso povo foi expulso para as reservas nativas, onde as terras são montanhosas, rochosas, inclinadas e improdutivas", disse ele.

Um porta-voz do governo britânico observou que o governo do Reino Unido já havia expressado arrependimento pelos abusos cometidos durante um levante de 1952-1960 na região central do Quênia contra o domínio colonial.

© Reuters. Kibore Cheruiyot Ngasura, que está entre os que acusam o governo colonial britânico de os expulsar das suas terras, em sua casa
25/10/2023
REUTERS/Monicah Mwangi

O governo britânico acertou um acordo extrajudicial em 2013 para pagar quase 20 milhões de libras a idosos quenianos que sofreram tortura e abusos durante o que é conhecido pelos quenianos como “a emergência”, depois de um tribunal de Londres ter decidido que as vítimas poderiam processar.

“Acreditamos que a forma mais eficaz de o Reino Unido responder aos erros do passado é garantir que as gerações atuais e futuras aprendam as lições da história e que continuemos a trabalhar juntos para enfrentar os desafios de hoje”, disse o porta-voz em resposta a perguntas da Reuters.

O porta-voz não abordou as alegações levantadas pelos Kipsigis e Talai, que são distintas dos abusos durante a emergência. O Palácio de Buckingham não respondeu a um pedido de comentário.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.