Por Andrew Osborn e Maria Tsvetkova
MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse aos Estados Unidos nesta quinta-feira que resolvam sozinhos o escândalo de vazamento de e-mails envolvendo o Partido Democrata e repudiou o que Donald Trump disse ter sido uma sugestão sarcástica de que Moscou deveria trazer à tona os e-mails "desaparecidos" de Hillary Clinton.
Trump, o candidato presidencial do Partido Republicano, causou revolta nos círculos democratas na quarta-feira ao convidar a Rússia a revelar dezenas de milhares de mensagens eletrônicas da época em que sua rival Hillary era a secretária de Estado norte-americana.
O republicano fez a colocação depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, ter afirmado ser possível que a Rússia tente influenciar a eleição presidencial de 8 de novembro na esteira de um vazamento de e-mails do Comitê Nacional Democrata que especialistas atribuem a hackers russos.
As insinuações de envolvimento russo irritaram o Kremlin, que o negou categoricamente e acusou políticos dos EUA de tentar explorar um temor de Moscou digno da Guerra Fria fabricando histórias com propósitos eleitorais.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, vem procurando evitar a impressão de que favorece qualquer candidato norte-americano, mas ao mesmo tempo vem louvando o populista Trump, que classifica como "muito talentoso". A cobertura da televisão estatal russa tem se inclinado mais para Trump do que Hillary.
Nesta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as acusações de uma atuação russa na invasão de e-mails do Partido Democrata beiram a "estupidez total" e foram motivadas por um sentimento anti-Rússia. Ele rechaçou de imediato a sugestão aparentemente sarcástica de Trump para que a Rússia revele as mensagens de Hillary. "No tocante a estas levas (de e-mails), essa dor de cabeça não é nossa. Nunca metemos o nariz nos assuntos dos outros e realmente não gostamos quando as pessoas tentam meter o nariz nos nossos", afirmou. "Os norte-americanos precisam chegar ao fundo do que estes e-mails são eles mesmos e descobrir do que se trata". Analistas dizem que o Kremlin saudaria uma vitória de Trump em novembro porque o bilionário tem elogiado Putin repetidamente, falado sobre o desejo de se dar bem com a Rússia e dito que cogitaria uma aliança com Moscou contra o Estado Islâmico. (Reportagem adicional de Lidia Kelly)