Por Laila Bassam e Maya Gebeily
BEIRUTE (Reuters) - Rádios portáteis usados pelo Hezbollah detonaram no final da tarde desta quarta-feira no sul do Líbano e nos subúrbios do sul de Beirute, segundo uma fonte de segurança e uma testemunha, aumentando ainda mais as tensões com Israel um dia depois de explosões semelhantes lançadas por meio dos pagers do grupo.
Pelo menos uma das explosões ocorreu perto de um funeral organizado pelo Hezbollah, apoiado pelo Irã, para os mortos no dia anterior, quando milhares de pagers usados pelo grupo explodiram em todo o país e feriram muitos dos combatentes do grupo.
O Hezbollah, que ficou brevemente em desordem por causa dos ataques dos pagers, disse nesta quarta-feira que atingiu posições de artilharia israelense com foguetes, o primeiro ataque contra seu arqui-inimigo desde que as explosões feriram milhares de seus membros no Líbano e levantaram a perspectiva de uma guerra mais ampla no Oriente Médio.
Os rádios portáteis foram comprados pelo Hezbollah há cinco meses, mais ou menos na mesma época em que os pagers foram adquiridos, disse uma fonte de segurança.
A agência de espionagem israelense Mossad, que tem um longo histórico de operações sofisticadas em solo estrangeiro, colocou explosivos dentro dos pagers importados pelo Hezbollah meses antes das detonações de terça-feira, disseram uma fonte sênior de segurança libanesa e outra fonte à Reuters.
O número de mortos subiu para 12, incluindo duas crianças, disse o ministro da Saúde libanês, Firass Abiad, na quarta-feira. O ataque de terça-feira feriu cerca de 3.000 pessoas, incluindo muitos dos combatentes do grupo militante e o enviado do Irã a Beirute.
Um fabricante de pagers de Taiwan negou que tenha produzido os dispositivos de pagers que explodiram em um ataque audacioso que levantou a perspectiva de uma guerra em grande escala entre o Hezbollah, apoiado pelo Irã, e Israel.
A Gold Apollo, um fabricante de pagers de Taiwan, disse que os dispositivos foram fabricados sob licença por uma empresa chamada BAC, sediada em Budapeste, capital da Hungria.
Não houve nenhuma informação em um primeiro momento sobre quando o Hezbollah lançou seu último ataque com foguetes, mas normalmente o grupo anuncia esses ataques logo após realizá-los, o que sugere que disparou contra posições de artilharia israelense na quarta-feira.
O Hezbollah prometeu retaliar contra Israel, cujo Exército se recusou a comentar as explosões. Os dois lados estão envolvidos em guerras transfronteiriças desde o início do conflito em Gaza, em outubro do ano passado, alimentando temores de um conflito mais amplo no Oriente Médio que poderia envolver os Estados Unidos e o Irã.
O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, acusou Israel de empurrar o Oriente Médio para a beira de uma guerra regional ao orquestrar uma escalada perigosa em várias frentes.
"O Hezbollah quer evitar uma guerra total. Ele ainda quer evitar uma. Mas, dada a escala, o impacto sobre as famílias e os civis, haverá pressão para uma resposta mais forte", disse Mohanad Hage Ali, do Carnegie Middle East Center.
O Hezbollah, o mais poderoso representante do Irã no Oriente Médio, disse em uma declaração que continuará a apoiar o Hamas em Gaza e que Israel deve aguardar uma resposta ao "massacre" do pager, que deixou combatentes e outras pessoas ensanguentadas, hospitalizadas ou mortas.
(Reportagem adicional de Tom Perry em Beirute, Phil Stewart e Matt Spetalnick em Washington; Ben Blanchard em Taipei e Clauda Tanios em Dubai, Krisztina Than e Krisztina Fenyo em Budapeste e Simon Lewis no Cairo)