Por Robin Emmott e Gabriela Baczynska
BRUXELAS/DONETSK (Reuters) - Autoridades da União Europeia propuseram nesta terça-feira aplicar sanções para privar empresas russas de fundos como punição pelo papel de Moscou na Ucrânia, onde os rebeldes disseram estar atacando o aeroporto de Donetsk, possivelmente seu maior troféu desde que viraram a maré da guerra na semana passada.
Os países ocidentais acusam Moscou de enviar colunas de blindados com soldados para a Ucrânia, onde o clima dos cinco meses de conflitos mudou decisivamente na semana passada em favor dos separatistas pró-Rússia, que agora avançam em uma nova frente de batalha rumo a um grande porto.
A Rússia nega que suas tropas estejam envolvidas em combates no território ucraniano, mesmo diante do que o Ocidente e a Ucrânia afirmam serem provas contundentes.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a guerra já matou mais de 2.600 pessoas e afugentou quase um milhão de suas casas no leste da Ucrânia, bastião dos rebeldes.
Os rebeldes em Donetsk, a maior cidade sob seu controle, disseram estar prestes a recapturar o aeroporto local das tropas ucranianas que o defendem desde que o ocuparam dois meses atrás.
"O aeroporto está 95 por cento em nosso controle. Na prática, já está em nossas mãos. Só falta expulsar alguns soldados ucranianos restantes", declarou Aleksandar Timofeyev, líder de uma das principais unidades rebeldes da cidade. "O Exército ucraniano está recuando. Os sensatos entregam as armas e partem, outros ficam por aqui".
Em uma entrevista à Reuters, o governador da região de Donetsk, que agora opera na segunda maior cidade da província, Mariupol, descreveu a presença russa como uma "invasão".
O sucesso da manobra seria um revés humilhante para as forças do governo, que retomaram o aeroporto em uma ofensiva em junho. As forças ucranianas abandonaram o aeroporto de Luhansk, outro enclave separatista, na segunda-feira.
SANÇÕES DE TODOS OS LADOS
No sábado, líderes europeus pediram à UE que esboçasse novas sanções para punir a Rússia, que devem ser divulgadas na quarta-feira e adotadas na sexta-feira.
Delineando as novas propostas nesta terça-feira, diplomatas europeus descreveram uma série de medidas eminentemente técnicas que teriam como efeito tornar mais difícil para as empresas da Rússia, cuja economia é de predomínio estatal, obterem financiamento no exterior.
Mas não há certeza de que as sanções serão aprovadas na forma proposta, já que os 28 países-membro da UE precisam concordar com todas as medidas, e vários expressaram abertamente seu ceticismo.
"Se as sanções forem aprofundadas agora, haverá uma reação da Rússia, e não somos capazes de estimar a esta altura qual será o impacto da nova onda de sanções russas contra países da União Europeia", afirmou o primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka.
(Reportagem adicional de Aleksandar Vasovic em Mariupol, Gabriela Baczynska em Donetsk, Adrian Croft e Jan Strupczewski em Bruxelas, Jan Lopatka e Jason Hovet em Praga, Pavel Polityuk e Kiryl Sukhotski em Kiev e Mark Trevelyan em Moscou)