HAVANA (Reuters) - Os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) declararam nesta quarta-feira que estão prontos para convocar um cessar-fogo unilateral de um mês a partir de 20 de julho, um incentivo em potencial às conversas de paz que foram ameaçadas pelo aumento dos episódios de violência dos últimos meses.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, não deu nenhum sinal de imediato sobre uma eventual recíproca por parte do governo, e reagiu dizendo que "é preciso mais" e que os rebeldes das Farc têm que mostrar mais urgência nas negociações de paz.
"Com isto, buscamos criar condições favoráveis para progredir com nossa contrapartida de forma a trabalhar com vistas a um cessar-fogo bilateral definitivo", disse Ivan Márquez, líder das Farc nas negociações, em um comunicado divulgado em Havana antes de se reunir a portas fechadas para as tratativas com o governo colombiano.
Na terça-feira, quatro países que patrocinam as conversas de paz colombianas pediram uma "desaceleração urgente" na violência e "medidas que fortaleçam a confiança" por parte dos rebeldes e do governo para pôr fim à mais longa guerra na América Latina.
O principal negociador do governo colombiano declarou que as negociações de paz podem ser interrompidas devido à recente intensificação da violência. De sua parte, as Farc vêm defendendo um cessar-fogo bilateral, que o governo rejeitou dizendo que a guerrilha usou tentativas anteriores de trégua para se rearmar.
Santos, que disse que gostaria de chegar a um acordo de paz ainda em 2015, não deu pista da próxima manobra do governo. "Agradecemos o gesto do cessar-fogo unilateral das Farc, mas é preciso mais, especialmente compromissos concretos para acelerar as negociações", afirmou Santos no Twitter.
As atuais conversas em Havana foram as que mais produziram avanços até hoje para encerrar o conflito, que já matou 220 mil pessoas e deixou milhões de desabrigados desde 1964.
(Por Daniel Trotta)