Por Mohammed Mukhashef
ÁDEN (Reuters) - Os rebeldes Houthi do Iêmen fizeram significativos avanços no sul e leste do país nesta sexta-feira, mesmo após um segundo dia de ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita com a intenção de atingir os insurgentes, que são apoiados pelo Irã e têm como objetivo derrubar o presidente iemenita, Abd-Rabbu Mansour Hadi.
Os Houthi, combatentes muçulmanos xiitas, e unidades aliadas do Exército conquistaram seu primeiro ponto de apoio no litoral do Mar Arábico, ao assumirem o controle do porto de Shaqra, 100 km a leste de Áden, disseram moradores locais à Reuters.
Os avanços ameaçam o último refúgio de Hadi no Iêmen e potencialmente anulam a campanha aérea deflagrada em seu apoio.
As perdas vieram à tona ao mesmo tempo em que o porta-voz para as operações lideradas pela Arábia Saudita, o general-brigadeiro Ahmed Asseri, concedia uma entrevista coletiva em Riad, na qual disse que a defesa do governo de Áden era o "principal objetivo" da campanha saudita.
"Quero confirmar que a operação em si tem como seu principal objetivo proteger o governo em Áden", disse Asseri.
"A operação vai continuar enquanto houver a necessidade para que continue", afirmou ele. Aviões de guerra alvejaram nesta sexta-feira as forças Houthi que controlam a capital Sanaa, assim como o território de origem dos rebeldes, no nordeste do país. Asseri disse que aviões dos Emirados Árabes Unidos conduziram seus primeiros ataques nas últimas 24 horas.
Em um incentivo à Arábia Saudita, o Marrocos disse que iria se unir à coalizão muçulmana sunita convocada às pressas para lutar contra os Houthi. O Paquistão afirmou ainda não ter tomado uma decisão sobre sua participação, apesar de ter sido apresentado como um aliado pelos sauditas.
A intervenção militar de Riad é a mais recente frente de batalha aberta em um disputa regional com o Irã, país que exerce também sua influência na Síria, onde Teerã apoia o governo do presidente Bashar al-Assad na luta contra rebeldes sobretudo sunitas, e no Iraque, onde milícias xiitas apoiadas pelos iranianos têm desempenhado um papel crucial nos confrontos.
As monarquias sunitas do Golfo Árabe apoiam Hadi e seus companheiros sunitas, entrincheirados no sul do Iêmen, para que contenham o avanço xiita.
O influente ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, cujas forças militares lutam ao lado dos Houthi, pediu nesta sexta-feira que as hostilidades sejam interrompidas por ambos os lados, de acordo com um comunicado publicado na página de seu partido na Internet.
O chanceler iemenita, Riyadh Yaseen disse que os ataques aéreos podem cessar em questão de dias.
(Reportagem adicional de Sami Aboudi, Maha El Dahan, e Ali Abdelatti)