SÃO PAULO (Reuters) - Ao menos quatro presos morreram neste domingo em nova rebelião em Manaus (AM), desta vez na cadeia pública do centro da cidade, informou o governo do Amazonas em nota, no mais recente episódio da crise que toma conta do sistema carcerário brasileiro e já deixou quase 100 mortos.
O motim teve início durante a madrugada na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus. A unidade havia recebido detentos transferidos de outras prisões no Estado que foram palco de violentas rebeliões na última semana que culminaram em pelo menos 60 mortes.
Em nota, o governo do Amazonas diz que o motivo da briga entre os detentos dentro da unidade é desconhecido e que três dos presos foram decapitados e um foi morto por asfixia. "A situação neste momento é considerada estável e com policiamento reforçado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. As mortes serão investigadas", segundo nota do Comitê de Gerenciamento de Crise.
Do lado de fora, contudo, familiares dos detentos protestavam enquanto aguardavam por mais informações.
Um motim domingo passado dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, que só terminou na segunda-feira e deixou 56 mortos como resultado de uma briga entre facções rivais, deflagrou um alerta sobre a situação carcerária. Além das vítimas no Compaj, mais quatro presos foram mortos na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na zona rural de Manaus, elevando para ao menos 60 o número de presos mortos esta semana no Amazonas.
Na madrugada de sexta-feira, 33 detentos também foram encontrados mortos em uma penitenciária no Estado vizinho de Roraima.
A atual onda de violência no sistema carcerário brasileiro é a pior desde o episódio conhecido como Massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992, que terminou com 111 presos mortos.
O governo do Amazonas solicitou ajuda imediata da Força Integrada de Atuação no sistema penitenciário. Os pedidos encaminhados pelo governo do Amazonas já foram autorizados pelo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, dentro dos termos legais, informou a assessoria do ministério.
(Por Gabriela Mello)