SÃO PAULO (Reuters) - Ao menos cinco presos morreram neste domingo em uma nova rebelião em Manaus (AM), desta vez na cadeia pública do centro da cidade, informou a mídia local, no mais recente episódio da crise que toma conta do sistema carcerário brasileiro e já deixou quase 100 mortos.
O motim teve início durante a madrugada na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus. A unidade havia recebido detentos transferidos de outras prisões no Estado que foram palco de violentas rebeliões na última semana que resultaram em pelo menos 60 mortes.
Em nota, o governo do Amazonas diz que o motivo da briga entre os presos dentro da unidade é desconhecido e que três dos cinco detentos mortos foram decapitados. "A situação neste momento é considerada estável e com policiamento reforçado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. As mortes serão investigadas", informou o Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança do Amazonas.
Um dos presos da cadeia pública foi encaminhado para um pronto-socorro, passou por cirurgia e tem quadro clínico estável, conforme a nota. Uma nova contagem está sendo feita pela Polícia Militar.
Segundo a GloboNews, cinco presos estariam foragidos. Do lado de fora da cadeia, familiares dos detentos protestavam enquanto aguardavam por mais informações.
Também foram encontrados na manhã deste domingo três corpos em estágio avançado de decomposição nas proximidades do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, onde um motim deixou 56 mortos no início da última semana após briga entre facções rivais. "As equipes da Polícia Civil, Instituto de Criminalística e IML foram deslocadas para o local para fazer a retirada dos corpos", informou o comitê em nota.
Além das vítimas no Compaj, mais quatro presos foram mortos na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na zona rural de Manaus, elevando para ao menos 60 o número de presos mortos esta semana no Amazonas.
Na madrugada de sexta-feira, outros 33 detentos foram encontrados mortos em uma penitenciária no Estado vizinho de Roraima.
A atual onda de violência deflagrou um alerta sobre a situação carcerária no país, sendo a pior desde o episódio conhecido como Massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992, que terminou com 111 presos mortos.
O governo do Amazonas solicitou ajuda imediata da Força Integrada de Atuação no sistema penitenciário. Os pedidos encaminhados pelo governo do Amazonas já foram autorizados pelo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, dentro dos termos legais, informou a assessoria do ministério.
(Por Gabriela Mello)