JOANESBURGO (Reuters) - O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) disse nesta quinta-feira que um número recorde de 45 milhões de pessoas das 16 nações da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral estão sofrendo cada vez mais com a fome na esteira de secas sucessivas, inundações generalizadas e problemas econômicos.
O sul da África passa por uma seca severa, já que a mudança climática está fazendo estragos em países empobrecidos que já têm dificuldade para lidar com desastres naturais extremos, como o ciclone Idai, que devastou Moçambique, Zimbábue e Maláui em 2019.
O Zimbábue, antes o maior provedor de alimentos da região, atravessa sua pior crise econômica em décadas, com inflação em disparada e carência de comida, combustível, remédios e eletricidade.
"Esta crise de fome tem uma escala que não vimos antes, e indícios mostram que ela piorará", disse a diretora regional para o sul da África da agência da ONU, Lola Castro, em um comunicado.
"A temporada anual de ciclones começou, e simplesmente não podemos nos dar o luxo de uma reprise da devastação causada pelas tempestades inéditas do ano passado".
A agência planeja oferecer uma assistência a 8,3 milhões de pessoas vitimadas por níveis de fome de "crise" ou "emergência" em oito dos países mais assolados, que incluem Moçambique, Zimbábue, Maláui, Zâmbia, Madagascar, Namíbia, Lesoto e Suazilândia.
Até agora o WFP só obteve 205 milhões dos 498 milhões de dólares necessários para esta assistência, e foi forçado a recorrer a muitos empréstimos internos para fazer com que a comida chegue aos necessitados, informou.
Em dezembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse estar solicitando assistência alimentar para 4,1 milhões de zimbabuenses, um quarto da população de um país em que a escassez de alimento está sendo exacerbada por uma inflação descontrolada e por uma seca induzida pelo clima.
"O Zimbábue está nas garras de sua pior emergência de fome em uma década, há 7,7 milhões de pessoas --metade da população-- sujeitas a uma insegurança alimentar grave", disse a agência.
(Por Nqobile Dludla)