Por Barbara Goldberg
NOVA YORK (Reuters) - As águias-de-cabeça-branca deixaram de estar à beira da extinção nos Estados Unidos, mas as mortes causadas por envenenamento por chumbo devido à ingestão de balas de caçadores deixadas em restos de animais selvagens estão impedindo a recuperação de sua população, dizem cientistas.
O aumento populacional da majestosa ave reconhecida como o símbolo nacional dos EUA foi suprimido em 6,3% para machos e 4,2% para fêmeas, segundo estudo de pesquisadores do Departamento de Saúde Pública e Ecossistêmica da Universidade de Cornell, publicado no Journal of Wildlife Management nesta semana.
"As mortalidades por ingestão (de chumbo) reduziram a taxa de crescimento de longo prazo e a resiliência das águias-de-cabeça-branca no nordeste dos Estados Unidos nas últimas três décadas", disse o estudo.
O chumbo é encontrado em órgãos deixados na natureza por caçadores que retalham os animais mortos, abandonando os restos contaminados, que acabam sendo vasculhados por águias.
Uma vez ameaçada pelo uso do inseticida DDT para ajudar a controlar doenças durante a Segunda Guerra Mundial, as populações de águias-de-cabeça-branca (ou águias-carecas) se recuperaram o suficiente para que a espécie fosse removida da lista nacional ameaçada de extinção em 2021.
Mas taxas de crescimento menos robustas significam que a população de águias pode ser mais vulnerável a outros desafios, como desastres naturais ou disseminação de doenças, disseram pesquisadores de Cornell.
Conflitos políticos por causa de balas de chumbo dividiram os norte-americanos e chegaram à Casa Branca. O Serviço de Pesca e Vida Selvagem do presidente Barack Obama emitiu uma proibição de munição de chumbo para proteger a vida selvagem em janeiro de 2017, um dia antes da posse do novo presidente Donald Trump.
Menos de dois meses depois, em seu primeiro dia como secretário do Interior de Trump, Ryan Zinke derrubou a proibição sob os aplausos da National Rifle Association (NRA).