VIENA (Reuters) - A agência nuclear da ONU disse nesta sexta-feira que houve pouco progresso substancial até agora em sua investigação de longa duração sobre pesquisas nucleares iranianas, que estão sob suspeita de serem voltadas para a fabricação de uma bomba.
A constatação é um revés para as esperanças de se pôr fim a um impasse sobre a atividade atômica do país.
A falta de mudanças na investigação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) irá decepcionar o Ocidente e poderia complicar ainda mais os esforços de seis potências mundiais para negociar uma solução para uma disputa de dez anos com o Irã sobre seu programa nuclear.
Obtido pela Reuters, o relatório confidencial trimestral da AIEA diz que o Irã falhou em atender a questões-chave sobre a pesquisa nuclear - reveladas por agências de inteligência ocidentais anos atrás - até o prazo de 25 de agosto, definido em um acordo.
Além disso, o relatório afirma que a República Islâmica havia implementado apenas três das cinco etapas de um acordo de construção de confiança firmado com a AIEA, cuja sede é em Viena.
O Irã, onde um presidente moderado assumiu o cargo há um ano e reviveu a diplomacia com o Ocidente na área nuclear, também disse à AIEA que as suspeitas sobre a natureza de seu programa são "meras alegações e não merecem consideração", diz o texto.
A AIEA também afirma no relatório ter observado por meio de imagens de satélite "atividade de construção em curso" na base militar de Parchin, no Irã. Autoridades ocidentais acreditam que o Irã tenha realizado no local testes de explosivos que seriam relevantes no desenvolvimento de uma arma nuclear, mas que o país vem procurado "limpar" as provas. O Irã nega há muito tempo acesso de inspetores nucleares da ONU à base.
Uma informação do relatório que será recebida de modo positivo pelas grandes potências é o corte do estoque iraniano de urânio pouco enriquecido - potencial combustível para bombas - 8.475 quilos em maio para 7.655 quilos em agosto.
O Irã fechou um acordo provisório com as potências em novembro, pelo qual se comprometeu a reduzir alguns aspectos sensíveis de seus avanços nucleares.
O país nega que pretenda desenvolver a capacidade de fabricar armas nucleares com base em seu programa de enriquecimento de urânio e diz que sua meta é apenas produção de energia e uso medicinal.
(Reportagem de Fredrik Dahl)