Por Simon Lewis
YANGON (Reuters) - Dois repórteres da Reuters compareceram a um tribunal de Mianmar pela 11ª vez nesta quarta-feira, data que marcou os 100 dias transcorridos desde que foram presos em dezembro e acusados de possuírem documentos secretos do governo.
Uma corte de Yangon está realizando audiências preliminares para decidir se os repórteres Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, enfrentarão acusações ligadas à Lei de Segredos Oficiais da era colonial, que implica em uma pena máxima de 14 anos de prisão.
"Eles estão detidos em Mianmar desde 12 de dezembro simplesmente por fazerem seu trabalho como jornalistas", disse o presidente e editor-chefe da Reuters, Stephen J. Adler, em um comunicado.
"Wa Lone e Kyaw Soe Oo são indivíduos exemplares e repórteres excepcionais que são dedicados às suas famílias e ao seu ofício. Eles deveriam estar na redação, não na prisão. Conclamamos as autoridades de Mianmar a libertá-los o mais cedo possível e permitir que voltem às suas famílias e seus empregos".
Porta-vozes do governo se recusaram a comentar o caso, citando os trâmites legais em andamento.
Os jornalistas disseram a familiares que foram presos quase imediatamente após receberem alguns papéis enrolados depois de serem convidados por dois policiais que nunca haviam encontrado para ir a um restaurante.
Wa Lone e Kyaw Soe Oo investigavam o assassinato de 10 muçulmanos rohingya em um vilarejo de Rakhine, Estado do oeste de Mianmar, durante uma operação de repressão militar ocorrida em agosto.