Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - A repressão estatal piorou na Rússia desde a invasão da Ucrânia, disse uma especialista da ONU nesta terça-feira, alertando sobre prisões arbitrárias e riscos para mais de 1.000 prisioneiros políticos.
"O país é agora governado por um sistema de medo e punição patrocinado pelo Estado, incluindo o uso de tortura, com absoluta impunidade", disse a relatora especial da ONU, Mariana Katzarova, ao Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra,
A ex-investigadora búlgara da Anistia Internacional disse em um relatório sobre o histórico de direitos humanos da Rússia que a opressão se intensificou desde o início da guerra da Ucrânia em fevereiro de 2022, com o número de prisioneiros políticos chegando a mais de 1.300.
Muitos foram presos com base em acusações forjadas, disse, mencionando a sentença de sete anos de um padre por uma oração contra a guerra.
"Eles correm o risco de morrer, como (o líder da oposição Alexei) Navalny, ou de ter sua saúde completamente retirada", disse, na segunda-feira, antes de seu discurso, mencionando o uso maior de tortura e confinamento solitário.
A Rússia não respondeu aos esforços de Katzarova para contatá-los para sua pesquisa, disse.
Seu assento ficou vazio no conselho da ONU nesta terça-feira e sua missão diplomática em Genebra não respondeu a um pedido de comentário em um primeiro momento. As autoridades russas dizem que o Ocidente exagera rotineiramente a extensão da repressão na Rússia.
Eles dizem que Navalny, o crítico mais proeminente do presidente Vladimir Putin, morreu em 16 de fevereiro em uma prisão no Ártico de causas naturais. A esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, acusou Putin de tê-lo mandado matar, uma alegação que o Kremlin rejeita.
Um grupo de prisioneiros políticos libertados em agosto, ao lado do repórter do The Wall Street Journal, Evan Gershkovich, em uma grande troca de prisioneiros, falaria em Genebra nesta terça-feira.
Katzarova é uma das dezenas de especialistas independentes em direitos humanos encarregados pela ONU de apresentar relatórios sobre temas ou crises específicas. Ela é a única que o faz sobre um dos cinco Estados com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.