Por Jarrett Renshaw
FILADÉLFIA (Reuters) - Líderes republicanos da Pensilvânia estão tentando obter milhões de dólares para convencer os eleitores do Estado a votarem pelo correio e ignorarem as críticas do provável candidato presidencial do partido, o ex-presidente Donald Trump, em relação a essa prática.
A tentativa coloca a liderança republicana na Pensilvânia, um dos Estados mais importantes para a corrida presidencial de 2024, em embate com Trump sobre o voto pelo correio. O ex-presidente, que continua alegando falsamente que venceu a eleição de 2020, disse nesta semana que “você automaticamente tem fraude” quando o voto pelo correio é usado. Mas um pequeno grupo de republicanos do Estado quer arrecadar 8 milhões de dólares para financiar uma campanha educacional com o objetivo de diminuir as dúvidas dos eleitores republicanos sobre a integridade do voto pelo correio, disseram autoridades à Reuters. Os recursos serão usados para contratar pessoas que irão de porta em porta convencer os eleitores do contrário.
A iniciativa é parte de uma mudança geral de estratégia do Partido Republicano sobre o valor do voto pelo correio, depois de a legenda ter tentado, em 2020, evitar a sua expansão. O Comitê Nacional Republicano lançou a campanha "Deposite o Seu Voto" para incentivar seus eleitores a realizar o voto pelo correio e também usando outros métodos de votação antecipada.
Autoridades republicanas acreditam que os ataques constantes de Trump contra a votação pelo correio dá vantagem aos democratas, porque os eleitores republicanos optam por votar presencialmente, o que torna o comparecimento às urnas vulnerável a doenças e condições do clima no dia da votação.
Em 2020, Biden recebeu 1.995.691 votos pelo correio no Estado, contra 595.538 de Trump. Ele ganhou a eleição na Pensilvânia por menos de 2% dos votos.
"Se quisermos vencer, não podemos deixar que apenas os democratas continuem tendo essa vantagem", afirmou Dave White, um republicano que está ajudando na campanha de arrecadação.
Jim Worthington, um empresário da Pensilvânia e aliado de Trump, contou que falou diretamente com o ex-presidente sobre o assunto: "Disse a ele que se ele apoiar o voto pelo correio, 75% dos republicanos do Estado seguirão sua orientação. Fui informado de que Trump e sua equipe apoiarão o voto pelo correio", afirmou. A campanha de Trump preferiu não comentar.
Cerca de 46% dos eleitores norte-americanos enviaram seus votos pelo correio ou não estiveram presentes diretamente no dia da votação na disputa de 2020, realizada no auge da pandemia de Covid-19. Isso foi 21% a mais do que em 2016, de acordo com uma pesquisa do cientista político do MIT Charles Stewart III. Entre 2020 e 2022, mais de uma dúzia de Estados norte-americanos, a maioria deles controlados pelos republicanos, aprovaram leis tornando o voto não presencial mais difícil, inclusive com restrição ao correio. A Pensilvânia e outros Estados-chave para a eleição não entraram nessa lista.
No total, 28 Estados oferecem voto não presencial, o que significa que um eleitor pode votar à distância ou pelo correio sem ter que justificar, de acordo com a Conferência Nacional de Legislaturas Estaduais.
(Reportagem de Jarrett Renshaw)