Por David Morgan e Moira Warburton
WASHINGTON (Reuters) - A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos se arrastava pelo 23º dia nesta quarta-feira, com a maioria estreita dos republicanos tentando se unir em torno do deputado Mike Johnson, após destituir seu líder anterior e bloquear três possíveis sucessores.
O longo impasse, iniciado por alguns membros extremistas do partido irritados com um acordo bipartidário que evitou uma paralisação do governo, deixou a Câmara incapaz de responder às guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, ou de tomar medidas para manter o financiamento das agências federais após 17 de novembro.
As rixas dentro da frágil maioria republicana de 221 a 212 assentos tem corroído a confiança dentro do partido, tornando ainda mais difícil a unificação em torno de um sucessor para o presidente da Câmara deposto, Kevin McCarthy, disseram os parlamentares.
"Não há muita confiança", disse o deputado republicano Dusty Johnson aos repórteres. "É um pouco difícil imaginar como alguém pode ser eleito neste momento."
Mesmo assim, os parlamentares planejam colocar o nome de Johnson, um conservador da Louisiana que se autodenomina um "construtor de pontes", para votação às 13h, no horário de Brasília, desta quarta-feira, uma semana depois que o conservador Jim Jordan fracassou em três rodadas de votação.
"A democracia às vezes é confusa, mas é o nosso sistema", disse Johnson aos repórteres após conquistar a nomeação na noite de terça-feira. "Este grupo está pronto para governar".
Mesmo que Johnson consiga vencer a votação desta quarta-feira com 217 votos dos 221 membros da bancada republicana, ele enfrentará os mesmos desafios que perturbaram McCarthy, que incluem as exigências dos membros extremistas e a realidade de que, com a maioria democrata no Senado e o presidente democrata Joe Biden ocupando a Casa Branca, nenhuma lei pode ser aprovada atualmente em Washington sem apoio bipartidário.
"O Partido Republicano da Câmara está atolado em acusações aparentemente intermináveis e competições para assumir as posições mais extremas que se possa imaginar", disse o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates em um comunicado. "É do interesse do país -- e dos próprios republicanos da Câmara -- que eles se organizem."
Os democratas disseram que estão abertos a um candidato bipartidário que permita o funcionamento da Câmara. Muitos republicanos disseram, por princípio, que não apoiariam alguém que tivesse o endosso democrata.
As brigas internas deixaram a Câmara incapaz de responder ao pedido de Biden de 106 bilhões de dólares para ajuda a Israel, Ucrânia e segurança da fronteira dos EUA. O Congresso também terá que agir antes do prazo final de 17 de novembro para financiar o governo e evitar uma paralisação.