Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - Oito candidatos à indicação presidencial do Partido Republicano para as eleições de 2024 nos Estados Unidos disputaram a atenção dos eleitores na quarta-feira, no primeiro debate das primárias, enquanto o favorito, o ex-presidente Donald Trump, não compareceu ao evento.
Aqui estão quatro conclusões sobre o debate em Milwaukee, no Estado do Wisconsin:
SEM MOMENTO DE DESTAQUE PARA DESANTIS?
O governador da Flórida, Ron DeSantis, esteve no centro do palco, mas não no centro da noite.
Nenhum candidato entrou no debate enfrentando mais pressão do que DeSantis. Durante semanas, seus números nas pesquisas de opinião têm caído e a diferença em relação a Trump aumentado, comprometendo o seu argumento de que ele é a alternativa preferida dos eleitores a Trump.
Mas durante grande parte da noite, DeSantis, de 44 anos, ficou parado e observou seus rivais tomarem o centro das atenções.
Seus pares lançaram poucos ataques em sua direção, o que foi uma surpresa. Não estava claro se isso era um sinal de que eles não estavam ameaçados pela sua candidatura enfraquecida ou de que tinham outras prioridades.
Antes do debate, a campanha de DeSantis disse à Reuters que tudo o que ele precisava fazer era “manter o saque” e permanecer firme – que ele não precisava de um momento de destaque para reverter seu ímpeto descendente. A pressão está em outros candidatos para sair do dígito único nas pesquisas, disse um assessor.
GAROTO NOVO NA CIDADE
No seu primeiro debate político, esperava-se que Vivek Ramaswamy, de 38 anos, fosse um curinga. Ele aprendeu rapidamente que fogo traz fogo.
Ramaswamy, um empresário sem experiência política que tem subido em algumas pesquisas, classificou os seus rivais como "comprados e pagos". Ele também se referiu a DeSantis como um “super fantoche”.
Mike Pence, de 64 anos, defendendo seu histórico de quatro anos como vice-presidente de Trump, tentou reduzir Ramaswamy ao seu tamanho. “Não precisamos trazer um novato, não precisamos trazer pessoas sem experiência”, disse Pence.
O problema de Pence? Parecia haver mais apoiadores do forasteiro Ramaswamy na audiência do que de Pence, ilustrando a dificuldade que sua candidatura teve em reunir força. Sua crítica gerou uma cascata de vaias.
Isso não impediu o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, de 60 anos, de tentar acabar com Ramaswamy da mesma forma que derrubou o senador Marco Rubio durante a campanha presidencial de 2016.
“Já estou farto, esta noite, de um cara que parece um ChatGPT parado aqui”, disse Christie.
"ELEFANTE NÃO ESTÁ NA SALA"
Trump não compareceu ao debate e realizou no lugar uma entrevista pré-gravada com o apresentador conservador Tucker Carlson publicada na plataforma X, antes conhecida como Twitter, quando o evento começou.
Sua ausência do palco deu ao debate a sensação de uma eliminatória no boxe, com o vencedor buscando uma chance de enfrentar o campeão. Na quinta-feira, é provável que ele apague o debate do ciclo de notícias quando se apresentar num tribunal da Geórgia sob acusações de extorsão decorrentes dos seus esforços para reverter o resultado das eleições de 2020.
O moderador do debate, Bret Baier, da Fox News, chamou Trump de “o elefante que não está na sala”.
ANGÚSTIA SOBRE O ABORTO
O debate também deu a oportunidade de os candidatos debaterem sobre a melhor forma de abordar a questão do aborto. Embora a maioria dos presentes apoie algumas restrições, o tema provou ser uma profunda vulnerabilidade para o partido nas recentes eleições gerais.
A ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, que disse ser fortemente antiaborto, parecia tentar encontrar uma maneira melhor de falar com os eleitores moderados sobre o assunto.
“Não podemos todos concordar que não vamos colocar uma mulher na prisão ou dar-lhe a pena de morte se ela fizer um aborto?” disse Haley, a única mulher no palco do debate. “Vamos tratar isso como uma questão respeitosa, humanizar a situação e parar de demonizar essa situação”.