BERLIM/MOSCOU (Reuters) - Alemanha, Rússia, Ucrânia e França decidiram não realizar uma reunião de cúpula sobre o conflito na Ucrânia, na quinta-feira, por causa da falta de progresso na implementação de um acordo de cessar-fogo firmado há quatro meses.
Os líderes russos, alemães e franceses tinham sido convidados pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenlo, para negociações na capital do Cazaquistão, Astana.
Mas ministros das Relações Exteriores dos quatro países disseram em uma declaração conjunta, após conversas em Berlim na noite de segunda-feira, que o fracasso em implementar a trégua de forma eficaz, e a necessidade de chegar a um acordo sobre a forma de entregar ajuda e libertar prisioneiros significa que "mais trabalho precisa ser feito" antes de uma cúpula ser realizada.
"As diferenças de opinião deixaram claro o quanto é difícil fazer progressos no sentido de uma solução política ou uma cúpula em Astana, da qual se espera muito e deve ser bem preparada", afirmou a repórteres o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier.
O ministro russo, Sergei Lavrov, disse que todos tinham concordado que apenas um cessar-fogo firme poderia pavimentar o caminho para os líderes se reunirem em Astana, acrescentando: "Ficou decidido que é necessário trabalhar mais nisso".
Lavrov disse que haveria uma outra reunião do chamado Grupo de Contato –Rússia, Ucrânia, OSCE (entidade que supervisiona a segurança no continente) e rebeldes pró-russos– para encontrar maneiras de implementar o cessar-fogo pactuado na capital bielorrussa, Minsk, em setembro.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse na semana passada que a Europa não poderia considerar a suspensão das sanções contra a Rússia até que fossem implementados todos os 12 pontos do acordo de Minsk.
O conflito levou as relações entre a Rússia e o Ocidente a seu ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria.
Kiev e Moscou culpam um ao outro pelo fracasso em implementar o acordo de Minsk e acabar com o conflito no leste da Ucrânia, onde mais de 4.700 pessoas foram mortas desde meados de abril em combates entre os rebeldes e o Exército ucraniano.
Lavrov também disse que há uma maior compreensão de que todas as partes na Ucrânia devem ser envolvidas em negociações sobre a mudança constitucional. A Rússia tem pressionado duramente para que os governos nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk tenham uma palavra sobre o futuro da Ucrânia.
O governo ucraniano não reconhece os líderes locais nas duas regiões.
(Reportagem de Stephen Brown, em Berlim, e Elizabeth Piper, em Moscou)